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10 de junho de 2011

A PRINCESA ESTÁ DOENTE:



O CRIME ORGANIZADO PLANEJARIA MELHOR QUE O PODER PÚBLICO?


Novamente assistimos na grande mídia nacional Cáceres sendo destaque por uma de suas particularidades, especificamente no que diz respeito à zona de fronteira e passagem de drogas oriundas do vizinho país boliviano.

Perguntamo-nos por que ao invés de aparecermos como cidade fincada em pleno Santuário Ecológico reconhecido como Patrimônio Natural da Humanidade, como Reserva Mundial da Biosfera, conferida pela UNESCO, e como maior planície inundável contínua do planeta, onde o homem deveria vive em harmonia com suas matas, cerradões, savanas, brejos e lagoas, bem como com seus mamíferos, aves, répteis e peixes, altamente concentrados na região, somos destaques das ações provenientes do crime organizado.

Estaria o crime sendo mais competente que o Poder Público? Afinal é público e notório que atualmente uma das principais fontes de renda do município advêm da ação criminosa. São toneladas de drogas apreendidas numa luta incessante dos órgãos de segurança, tanto da esfera estadual como federal. E a cada dia parece aumentar essa prática, consumindo enormes contingentes de pessoal e astronômicos recursos financeiros, que poderiam estar sendo utilizados com saúde, qualificação, educação, saneamento básico e etc., proporcionando uma melhor qualidade de vida para o povo desta terra.

Vamos somar a esse acontecimento o fato do município de Cáceres, com seus 231 anos de existência, ter passado por vários ciclos econômicos produtivos. Começou se aproveitando da fartura de pastagens naturais introduzindo o gado vacum em Jacobina e na Fazenda Nacional da Caiçara. Posteriormente o extrativismo com a exploração da Ipecacuanha, da borracha, do ouro no Rio Cabaçal e, simultaneamente a lavoura com plantações de mandioca, arroz, feijão, café e a cana de açúcar e seus engenhos.

Com a abertura da navegação pela hidrovia do Rio Paraguai e a criação de saladeiros como Descalvados e Barranco Vermelho, passa o município a exportar pela Bacia do Prata, produtos como charque, peles de animais silvestres, poaia etc., ciclo este que perdurou até a implantação da estrada de ferro Noroeste do Brasil por volta de 1914, desviando todo o escoamento da produção agropecuária via corumbá, até Bauru no estado de São Paulo.

Como no seu princípio, quando da mudança da Capital de Vila Bela para Cuiabá, novamente Cáceres vê seu crescimento e/ou desenvolvimento interrompido pelo acaso do destino, ou por falta de planejar diretrizes de políticas públicas por parte de seus governantes.

Nesse vácuo compreendido entre as primeiras décadas do século XX até meados deste, o município tinha uma extensão de 50.000 mil km², atingindo seus limites ao vizinho estado de Rondônia. A partir de 1950 se inicia as emancipações das chamadas Glebas, e nos anos 60 com a construção da Ponte Marechal Rondon e a ponte sobre o Rio Cabaçal, consolida de vez a independências desses municípios ao ocidente, detentores das melhores terras de cultura.

Resta então para Cáceres, 24.000 mil km² de área, destas 50% em área alagável (pantanal), 30% de cerrado/savana e 20% de floresta amazônica de transição. O núcleo urbano se localiza entre a Província Serrana à nordeste e a Depressão do Rio Paraguai, por onde também corre seu leito.

À essa altura Cáceres consolida de vez a função de polo regional nas áreas de saúde, educação superior, comércio e prestação de serviços, que mantém até os dias atuais , somada à atividade de pecuária extensiva, que vêm desde a sua fundação, representada por grandes latifúndios, altamente concentradora de riqueza, contrapondo a pobreza de sua população, apontada pelos institutos de pesquisas oficiais.

Numa análise do atual cenário econômico, sócio-cultural e ambiental por que passa o município, não fica difícil diagnosticar o por que infelizmente ocupamos as manchetes dos grandes meios de comunicação de forma negativa. São séculos de diretrizes de políticas públicas mal elaboradas, sem planejamento, levadas a efeito por gestões que de forma consciente ou não, tiveram como consequência entre outras, o fortalecimento das organizações criminosas que tanto mal causam à nossa juventude, dilacerando e mutilando lares e famílias pelo consumo de drogas dos seus entes queridos.

Cáceres não precisa de obras faraônicas, macros e mega projetos, elefantes brancos. Pela sua localização geopolítica estratégica, gigantescos recursos naturais e uma cultura singular, o que falta é competência, sensibilidade, comprometimento, planejamento e gestão do poder público, para ocuparmos espaço na mídia nacional com manchetes como: “o TURISMO PLANEJADO praticado no município de Cáceres, estado de Mato Grosso, é exemplo em implementação de rede coletora e tratamento de esgotos e resíduos sólidos, no resgate das festas profanas e religiosas como o São Gonçalo, cururu e siriri e na distribuição de renda e inclusão social de sua população”. Temos a absoluta convicção de que o crime não teria espaço.


Ricardo Vanini – Bacharel em Turismo- E-mail: vaniniricardo@hotmail.com
  
               

 

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