estrutura

25 de setembro de 2012

Vale do São Lourenço - Mato Grosso - saibam um pouco mais sobre esta região


A bacia hidrográfica do rio São Lourenço, margem esquerda, se apresenta crono-geologicamente estruturada, segundo Brasil (1982a e 1982b) como um pacote rochoso, sedimentar, iniciando-se com a Formação Ponta Grossa – Grupo Paraná do período Devoniano Superior da Era Paleozóica; seqüencialmente aparecem extrusões das Formações Aquidauna, período Carbonífero superior e Permiano Superior – Paleozoica, Botucatu do Cretáceo Superior – Mezozoica e do Grupo Bauru (Weska, 1996) do Cretáceo – Mezozoica. Na margem direita, a partir da Formação Ponta Grossa tem-se sequencializada a Formação Furnas do Devoniano Superior – Paleozóica e a Cobertura Detrito Laterítica do Terciário/Quaternário – Cenozóica.

Regionalmente a bacia do Rio São Lourenço situa-se na Unidade Geomorfológica do Planalto dos Guimarães.

As formas de relevo, embora bastante mescladas, podem ser compartimentadas em três feições, com a primeira, correspondendo ao vale do rio São Lourenço onde predominam Formas Tabulares, com relevo do tipo topo Aplainado separados por vales de fundo plano, na porção inferior, e Formas Convexas com vales de fundo plano.

A segunda feição, correspondendo a porção lateral média, caracterizada por Patamares Estruturais, com relevos escalonados, comportando degraus topográficos resultantes da erosão diferencial e limitados por escarpas erosivas com aprofundamentos superiores a 100m.

A terceira feição, representada por Patamares Altitudinais mais elevados, caracterizada por Formas de Dissecação do tipo Topo Tabular, com relevos de topos amplos e aplainados, as vezes limitados por escarpas erosivas com aprofundamentos inferiores a 100m.


Genericamente, predominam no vale do rio São Lourenço, derivados da Formação Ponta Grossa, solos do tipo Podzólicos Vermelho-Amarelo eutrófico associados a solos Litólicos em relevos tabulares com vertentes escarpadas e a Podzólicos Vermelho-Amarelo distróficos em relo de Topo Convexo. Ressalva-se a presença de uma mancha de Latossolo Vermelho-Escuro vinculado ao topo de Patamares Estruturais e de solos Concrecionários nas encostas dos referidos patamares, que vai, pela margem direita do rio, desde a cidade de Jaciara até a foz do ribeirão Pomba.

Na região central da bacia, margem esquerda, nos topos dos Patamares Estruturais resultantes da Formação Aquidauna ocorre solos Podzólicos Vermelho-Amarelo, solos Litólicos nas vertentes escarpadas e Areias Quartzosas nos vales.

Ainda, na margem esquerda, no limite superior da bacia, em relevos de Topo Convexo da Formação Botucatu, predominam as Areias Quartzosas e nas áreas de relevo do tipo Topo Tabular na Formação Bauru ocorrem solos concrecionários.

Pela margem direita, resultante da Cobertura Detrito-Laterítica, predominam as Areias Quartzosas desde o limite sul da bacia até as proximidades da BR 364 e a partir desta para norte ocorre predominância de solos Concrecionários associados a manchas de Areias Quartzosas.
O clima incidente é do tipo Tropical Quente Semi-úmido, segundo Nimer (1989) e Miranda e Amorim (2001), caracterizado pela freqüência quase que diária de temperaturas altas e regime de precipitação marcado pela sazonalidade.

No que se refere à temperatura, a média situa-se em torno de 23ºC, com média das máximas, e máxima absoluta acima de 30ºC (Brasil, 1982a e 1982b), assim como é freqüente a ocorrência de temperaturas médias diárias superiores a 38ºC nos meses de setembro e outubro (Nimer, 1989) e mudanças bruscas no decorrer do inverno, meses de maio a julho, devido à ação do Anticiclone Polar; no entanto, o declínio de temperatura causado por esse anticiclone não é suficiente para refletir-se em declínio notável nas médias térmicas.

O regime pluviométrico é do tipo tropical sazonal, controlado fundamentalmente por massas de ar oriundas da zona tropical (Nimer, 1989), se caracteriza por apresentar período seco de 5 meses, que vai de maio a setembro, e chuvoso que vai de outubro a abril (Brasil, 1982a).

No período chuvoso a precipitação tende a se concentrar no decorrer do verão, época em que ocorrem excedentes hídricos. A precipitação média anual é de 1.385,30mm, a precipitação média no trimestre úmido de 618,57mm (44,65% do total precipitado) e a média do trimestre seco de 39,78mm (2,87% do total precipitado). O menor valor de precipitação anual num período de 86 anos de coleta foi de 976 mm, a menor média do trimestre úmido foi de 340,90mm e a do trimestre seco de 0,00mm. O valor máximo alcançado de precipitação anual, média no trimestre úmido, e média no trimestre seco foi de 1920,0mm, 1.100mm e 243,40mm respectivamente.

A umidade relativa do ar média é de 73,1% e tem amplitude de variação entre 81,6% no mês de fevereiro e 57,3% no mês de agosto. O trimestre com maior valor de umidade relativa corresponde aos meses de janeiro, fevereiro e março, quando esta varia entre 80% e 81,7%, enquanto que o trimestre mais seco corresponde aos meses de julho, agosto e setembro, quando a umidade relativa oscila entre 57% e 62%. No decorrer da estação seca é comum a ocorrência de dias em que a umidade relativa do ar apresenta valores menores do que 40%, especialmente no trimestre mais seco.

A evaporação média anual calculada a partir de valores médios mensais é de 1.293,3mm, e apresenta regime sazonal inverso ao da precipitação, com período característico que vai de dezembro a maio quando os valores são menores que 100mm, configurando situação de excedente hídrico, e outro que vai de junho a novembro, quando os valores mensais oscilam entre 106,2mm e 173,6mm, configurando situação de déficit hídrico. O mês que apresenta maior demanda evaporativa é o de agosto, auge da estação seca, com 173,6mm, enquanto que o de menor demanda é o de abril, final da estação úmida, com 40,5mm.

O rio São Lourenço tem suas nascentes localizadas nas proximidades Serra de São Lourenço, município de Dom Aquino – MT, na cota de 733m, e se constitui em afluente do rio Cuiabá pela margem esquerda deste em plena planície Pantaneira, na cota de 98m.

Nesta porção da bacia, a rio São Lourenço tem como principais afluentes pela sua margem direita o córregos:, Amaral, Grande, do Fortaleza, Bento Ribeiro, Peraputanga e Cedro. Pela margem esquerda, tem como principais tributários os córregos: Morosgo, Parnaíba, Chibú, Barroso, das Pombas e Liso.

Em termos de setorização hidrográfica, no âmbito Federal (ANEEL, 2001), conforme Portaria nº 477 de 20 de Abril de 1976, a bacia hidrográfica do rio São Lourenço situa-se:

· Bacia Hidrográfica 6: Bacia do Rio Paraná

· Sub-bacia 66: área de drenagem do Alto rio Paraguai, até a confluência com o rio Negro (Paraguai).

No âmbito estadual, conforme Mato Grosso (1995a) e Miranda e Amorim (2001), a bacia hidrográfica situa-se:

· Bacia Hidrográfica III: Bacia Platina

· Sub-Bacia III-3: Sub-bacia do rio São Lourenço/Vermelho

· Sub-Bacia III-3.1: Sub-Bacia do Alto São Lourenço


No trecho considerado a bacia hidrográfica apresenta como características morfométricas:

· Área de drenagem: 5.386,00 km2

· Comprimento axial: 137,00 km

· Largura média: 39,31 km

· Amplitude altimétrica: 493 m

· Número de canais: 1.166
· Declividade média: 0,41%

· Tempo de concentração: 1.501,33 minutos

· Fator de forma: 0,29

· Densidade de drenagem: 0,32 km/km2

· Razão de bifurcação: 5,72

· Padrão de drenagem: retangular e subordinadamente dendrítico

· Hierarquia fluvial: 5ª Ordem (Strahler, 1957)

· Freqüência de canais: 0,22 canais/km2


Em função da predominância de rochas areníticas sedimentares e de solos de textura arenosa, a bacia hidrográfica apresenta rede de drenagem pouco desenvolvida, conforme atesta a densidade de drenagem de 0,42 km/km2, o que a classifica como baixa. No entanto, essa densidade é variável na bacia em função da diversidade de relevo e rocha, fator este que controla essa característica morfométrica (Chow, 1964; França, 1968; Lima, 1986).

A razão de bifurcação com valor superior a 5,0 indica, de acordo com Chow (1964), que a estrutura geológica da bacia hidrográfica tende a distorcer o padrão de drenagem devido à presença de escarpas e de vales escavados em hogballs.

O rio São Lourenço, em consonância com a precipitação incidente, apresenta regime do tipo sazonal, com o trimestre de maiores valores de vazão indo de janeiro a março e o de menores valores indo de julho a setembro, com defasagem de um mês em relação à precipitação.

O maior valor de vazão ocorre no mês de março (208,00 m3/s), e o trimestre de maior depleção perfaz 583,9 m3/s ou 38,70% da vazão anual. O mês de menor valor de vazão é o de agosto com 67,8 m3/s, e o trimestre de menor depleção perfaz 14,19%.


A área de estudos está inserida, de acordo com Brasil (1982a e 1982b) na Região Fitoecológica das Savanas, onde se encontra recoberta pelas formações Savana Arbórea Aberta com Floresta-de-Galeria e Savana Arbórea Aberta sem Floresta-de-Galeria, e na Área de Tensão Ecológica, Contato Savana/Foresta Estacional, formações Savana Arbórea Aberta com Floresta-de-Galeria e Floresta Estacional Decidual Submontana.

Na região central da bacia e em sua porção sudoeste, predomina o contato Savana/Floresta Estacional, formação Floresta Estacional Decidual Submontana em solos Podzólicos Vermelho-Amarelo Eutrófico originários de rochas das Formações Ponta Grossa e Ponta Grossa em relevos dissecados dos tipos Topo Tabular e Topo Convexo; nesta região, ocorre na forma de manchas isoladas associadas à Floresta Estacional Decidual Submontana a Savana Arbórea Aberta com Floresta-de-Galeria nos Patamares Estruturais e nas encostas em solos dos tipos Podzólico Vermelho-Escuro e Concrecionários.

Ainda no âmbito do contato Savana/Floresta, ocorre uma pequena mancha de Savana Arbórea Aberta com Floresta-de-Galeria na porção leste da bacia, associada a solos Litólicos e a Areias Quartzosas oriundos de arenitos das Formações Botucatu e Bauru em relevos dissecados do tipo Topo convexo.

A Savana Arbórea Aberta sem Floresta-de-Galeria ocorre na forma de pequenas manchas na porção sudoeste da bacia, em solos dos tipos Podzólico Vermelho-Amarelo e Areias Quartzosas, originários de rochas das Formações Ponta Grossa e Aquidauana, respectivamente, em relevos de Topo Tabular e Topo Convexo.

No restante da bacia predomina a formação Savana Arbórea Aberta com Floresta-de-Galeria que recobre solos dos tipos Areais Quartzosas, Concrecionários Distróficos e porção de Podzólicos Vermelho-Amarelo enquanto manchas associadas, oriundos de rochas das Formações Furnas, Botucatu e Bauru, em relevos dissecados de Topo Tabular e Topo Convexo, e em relevos da Superfície Pediplanada.


A área de estudos do inventário está inserida em faixa de transição entre a planície Pantaneira e o planalto. Apresenta fragmentos de dimensões variadas da cobertura vegetal original da Região das Savanas e da Área de Tensão Ecológica – Contato Savana/Floresta, por vezes insularizados, entremeados com pastagens plantadas e campos agrícolas com cultivo de soja, milho e arroz.

Apesar das pressões oriundas dos usos da terra com classes de uso da categoria antrópica, a fauna ainda se mantém diversificada, com espécies do Pantanal e do Planalto em função da área de transição, especialmente no que diz respeito à avifauna e a ictiofauna. Os estudos existentes são incompletos, centrados ao longo da calha do rio São Lourenço e apresentam metodologias que diferem entre si em função dos objetivos adotados.


Como delimitação “física” do meio sócio-econômico-cultural foi adotada o espaço delimitado política e administrativamente pelos municípios de Jaciara, Juscimeira, São Pedro da Cipa e Dom Aquino, cuja componente população, economia, infra-estrutura e cultura são a seguir descritas em termos de suas componentes principais para diagnóstico.


A população dos quatro municípios foi estimada por Mato Grosso (2005a) em 47.772 habitantes no ano de 2004, computo este pelo qual Jaciara contribuiu com 51,86%, Juscimeira com 24,85%, São Pedro da Cipa com 7,07% e Dom Aquino com 16,22%, o que perfaz densidade demográfica de 14,35 hab/km2, 5,73 hab/km2 ,10,44 hab/km2 e 3,73 hab/km2, respectivamente. Para a área de estudos, a densidade demográfica é de 7,93 hab/km2. Apresentam taxa geométrica de crescimento variada, com o município de Juscimeira apresentando a maior taxa com valor de 2,59% em função do papel de pólo intermediário, e o de Dom Aquino com a menor com valor negativo de 0,52%.

Apresenta distribuição domiciliar caracterizada por uma situação de concentração da população na área urbana de todos os municípios, com maior intensificação em Jaciara e São Pedro da Cipa.

A estrutura etária é semelhante para os quatro municípios, com maior concentração na faixa de 10 a 19 anos, seguida pelas faixas de 20 a 29 anos e 30 a 39 anos. A estrutura por sexo, de acordo com dados de IBGE (2001), aponta para a predominância da população masculina, com excedente de 2.244 homens.

A população economicamente ativa estimada para a área de estudos era de 22.405 pessoas no ano de 2000, com o município de Jaciara contribuindo com 54,5% do total, seguido por Juscimeira com 23,94%, Dom Aquino com 15,29% e São Pedro da Cipa com 6,52%. A taxa de desemprego é elevada, variando de 11,39% no município de Juscimeira a 15,22% no município de Jaciara.

No computo dos quatro municípios existe como estoque de moradias 12.909 domicílios, que apresenta por características de infraestrutura de saneamento básico: 82,17% são servidos por rede pública de abastecimento de água potável, 93,18% tem algum tipo de instalação sanitária e 74,59% recebem serviço de coleta de lixo domiciliar.

O Índice de Desenvolvimento Humano calculado para os três municípios é classificado como médio, com variação positiva no decorrer do período de 1991 a 2000, com o do município de Jaciara apresentando valor discretamente superior ao calculado para o país e para o estado de Mato Grosso, e igual ao calculado para a Região Centro-Oeste.

A base econômica da área de estudos se caracteriza por apresentar, de acordo com dados oficiais de composição do PIB dos municípios (Mato Grosso, 2005), matriz com predominância do setor produtivo terciário, seguido pelo setor produtivo primário e pelo setor produtivo secundário.

A produção agrícola está pautada no cultivo de cana de açúcar, seguida pela soja, milho, arroz e mandioca, conforme quadro 25. Ainda são cultivados: algodão (Jaciara), banana, coco, manga, mamão, laranja, maracujá e uva.

A pecuária está pautada na produção de gado de corte, criado em sistema extensivo, de baixo grau tecnológico. São produzidos, ainda, suínos, ovinos, caprinos, aves, asininos, muares e eqüinos, mas em escala menor.

A produção industrial (setor secundário) ainda é incipiente, contando os quatro municípios com um total de 100 estabelecimentos no ano de 2002 (Mato Grosso, 2004). Destes, 59% estavam situados no município de Jaciara, 24,00% no município de Dom Aquino, 13,00% em Juscimeira e 4,00% em São Pedro da Cipa. O parque industrial é pouco diversificado visto a concentração no setor de alimentos e bebidas. O número de empregos gerados, de acordo com Mato Grosso (2004) foi de 415 no ano de 2002.

O setor terciário está centrado no comércio atacadista e varejista, com um total de 540 estabelecimentos, distribuídos ao longo do eixo da BR 364/163 nos núcleos urbanos, e concentrados em Jaciara (62,41%) e secundariamente em Juscimeira (19,814%%) e Dom Aquino (13,89%). O varejo de produtos específicos, o de tecidos e produtos de vestuário e o varejo de produtos não específicos são os de maior contribuição na composição do total de estabelecimentos.

Em função da matriz sócio-econômica, os principais usos da terra com classes de uso da categoria antrópica na área de estudos estão relacionados com a agropecuária, configurados predominantemente por cobertura com pastagens plantadas e subordinadamente com cultura de cana de açúcar e soja.

As culturas agrícolas e pastagens estão situadas nas porções mais planas do terreno, com predominância de cultura de soja na porção da área à margem direita do rio São Lourenço e cultura de cana de açúcar nas porções à margem esquerda; as pastagens situam-se em solos de menor potencial produtivo agrícola.

As classes de uso da categoria natural, por sua vez, estão situadas nas porções do terreno que se apresentam mais movimentadas, geralmente em relevo fortemente ondulado a escarpado, e ao longo da calha dos rios configurando áreas de preservação permanente.

A infra-estrutura existente na área de estudos é composta pela de serviços (fluxos de circulação e de comunicação) referentes à distribuição de energia elétrica, comunicação, saneamento e transportes, e pela de atendimento social referente à educação, saúde, equipamentos sociais, segurança e organizações da sociedade, conforme a seguir descrito com base em Mato Grosso (2004).
· Energia Elétrica: os serviços de distribuição efetuado pela empresa RedeCemat, que atende a um total de 13.745 consumidores, dos quais 79,41% são da categoria residencial, 8,48% da comercial, 9,97% da rural e 2,14% de outras categorias, com consumo total de 39.749,07 MWh.

A região é cortada por 5 linhas de transmissão de energia elétrica , das quais 1 de 138 kv, 3 de 230 kv e uma de 500 kiv (Mato Grosso, 2005b).

No ano de 2005, de acordo com Mato Grosso (2005b), havia 14 concessões de Pequenas Centrais Hidrelétricas, que perfaziam um total de 121,2 MW, das quais 4 estavam localizadas no município de Jaciara e 10 em Juscimeira. Quantop a situação de licenciamento, nove empreendimentos possuíam Licença de Instalação (LI), um possuía Licença de Operação (LO) em vigência e quatro estavam paralizados.

· Comunicação: os serviços de telefonia disponíveis são do tipo móvel e fixo, com cobertura consolidada nos núcleos urbanos dos municípios. Os jornais são editados somente na cidade de Jaciara, em número de 4, dos quais 3 tem periodicidade semanal de circulação e 1 quinzenal. Existe uma única emissora de rádio, do tipo AM estabelecida em Jaciara, enquanto o número de canais retransmissores de televisão licenciados perfazem um total de 7, dos quais 5 retransmitem de Jaciara, 1 em Dom Aquino e 1, do tipo canal secundário, retransmite de Juscimeira. Existe, ainda, 7 agências da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, das quais 2 são do tipo agência própria e 4 são do tipo franquedas; quanto a distribuição, 4 agências estão localizadas em Jaciara e 2 em Juscimeira.
· Saneamento: os serviços de saneamento disponibilizados à população estão restritos à distribuição de água potável e à coleta de lixo domiciliar e hospitalar.

· Sistema Viário: composto pela Rodovia Federal BR 163/364 que liga Cuiabá à Brasília e a Campo Grande, em leito asfaltado, estado mediano de conservação e que corta o núcleo urbano de Jaciara, Juscimeira e São Pedro da Cipa onde se concentra o comércio local e a prestação de serviços; Rodovias Estaduais MT 040 (com leito asfáltico nos 10km iniciais após seu entroncamento com a BR 163/364 até o distrito de São Lourenço de Fátima), MT 373 que liga Juscimeira a Poxoréu, MT 344 que liga Jacira a Campo Verde, passando pelo núcleo urbano de Dom Aquino, em leito asfáltico, e MT 457; e por 1.426 km de estradas vicinais, de domínio municipal.
· Educação: a infra-estrutura existente atende a todos os níveis educacionais previstos em lei e é gerenciado por instituições de caráter público e privado, contando a região com 44 unidades escolares que administram o ensino fundamental, 6 que administram o ensino médio, 5 que administram educação para jovens e adultos,1 de ensino superior localizada em Jaciara e 6 que administram educação especial.
· Saúde: a infra-estrutura está composta por 6 hospitais que disponibilizam 127 leitos, 5 Postos de Saúde, 8 Centros de Saúde, 1 Policlínica e 1 pronto socorro. Os leitos disponíveis por especialidade médica são; 15 de clinica cirúrgica, 24 de clinica médica, 19 de obstetrícia, 8 de pediatria, 1 de clinica psiquiátrica e neurológica e 1 para fora de possibilidade de tratamento.
· Segurança pública: composto pela Polícia Militar que conta com efetivo de 27 policiais em Jaciara, 7 em Juscimeira e 4 em São Pedro da Cipa e 6 em Dom Aquino, segundo Mato Grosso (2004), e pelo Corpo de Bombeiro que conta com uma unidade com efetivo de 10 bombeiros , uma auto-Bomba Tanque e uma Unidade de Resgate.


No contexto local optou-se por estabelecer como Área de Influência Direta (AID), no aspecto físico, a compreendida entre o barramento e a cabeceira do lago, incluindo nesta as áreas drenadas pelos tributários diretos do lago e no âmbito sócio-econômico foram, também, considerados os núcleos urbanos de Jaciara, Juscimeira, São Pedro da Cipa, sedes municipais, e Irenópolis e Santa Elvira, distritos, com destaque para este último por se encontrar adjacente ao futuro lago.

Considerou-se como área de intervenção (AI) aquela formada pelo local das obras e pelo futuro reservatório.

Na AI e na AID do empreendimento ocorrem rochas do Grupo Paraná, Formações Furnas e Ponta Grossa, pela cobertura Detrito-laterítica e pelos Aluviões Atuais.

A Formação Furnas está distribuída predominantemente junto ao eixo de barramento e local das obras, ocupando pequena porção das mencionadas áreas. Compreende rochas constituídas por sedimentos arenosos, formando pacotes de arenitos médios e grosseiros, mal selecionados, mal classificados, baixa esfericidade, lentes conglomeráticas, localmente com seixos de quartzo leitoso, conglomerado basal Oligomítico, matriz arenosa grossa, feldspática e argilosa, estratificação abundante do tipo cruzada-acanalada. Seu contato superior se dá com rochas da Formação Ponta Grossa. Tem por origem a sedimentar e por ambiente de deposição o marinho na base da formação, passando a continental na seqüência topológica.

Próximo ao local, os litotipos da Formação Furnas são arenitos bem selecionados, de granulometria média, cor cinza-claro e cinza-amarelado, cimento basicamente ferruginoso onde se notam cores mais avermelhadas nas partes mais superficiais e naquela em contato com a superfície devido à oxidação e lixiviação desse cimento. Quando o processo de lixiviação é mais intenso verifica-se a formação de concreções limoníticas nos afloramentos.

O pacote arenítico que forma as escarpas e os afloramentos no local possui estratificação plano-paralela, desenvolvendo uma superfície de acamamento sinuosa onde o mergulho varia entre 5º e 40º, com valor médio de mergulho de 21º (N24E/21SE). É comum a presença de estratificações cruzadas de pequeno a médio porte e estruturas de ressecamento tipo gretas de contração.

De maneira geral, o maciço é pouco fraturado, com fraturas das famílias NE-SW (~N25E), E-W (~N85W) e NW-SE (~N35W), ocorrendo fraturas de alto ângulo (45º a subvertical) que truncam o acamamento. Apresentam-se freqüentemente seladas e oxidadas; quando existe o preenchimento dessas fraturas, este é constituído por material siltoso muito fino que desagrega totalmente com a presença de água.

Enquadra-se na Província Hidrogeológica Devoniana-Cretácea, apresentando como características permeabilidade intragranular grande, condições muito satisfatórias de recarga do aqüífero assim como de fornecimento de água.

A Formação Ponta Grossa ocorre no restante da AID e AI. É constituída por rochas com predominância de arenitos finos a muito finos, micáceos, de cores cinza-esverdeado e amareladas, folhelhos na porção basal, intercalações de pelitos mais freqüentes à medida que se ascende na coluna, litificação moderada. No topo da coluna ocorrem siltitos, folhelhos sílticos e argilitos subordinadamente. A laminação plano-paralela é sua estrutura mais freqüente, podendo apresentar localmente estrutura cruzada devido a deformações plásticas; apresenta zonas fraturadas e de falhamentos pouco desenvolvidas. Sobrepõe-se a Formação Furnas em contato geralmente concordante e gradual.

Enquadra-se na Província Hidrogeológica Devoniana-Cretácea, apresentando como características permeabilidade intragranular muito pequena, condições pouco satisfatórias de recarga do aqüífero, assim como potencialidade de fornecimento de água muito limitada.

A Cobertura Detrito-Lateritica ocorre na forma de mancha extensa e contínua e na de pequena mancha isolada na porção oeste da área, junto ao divisor topográfico, e é identificada como Unidade Edafoestratigráfica composta por três horizontes constituídos por materiais não consolidados, sem estratificação: o inferior constituído por areias, concreções limoniticas, produtos de alterações de rochas adjacentes e argilas; o estrato médio, composto por lateritos ferruginosos, concrecionários, com seixos de quartzo; e, o superior constituído de solo argilo-arenoso com concreções ferruginosas. As estruturas mais comuns são os bancos esparsos, e poucas fraturas e falhas. Seu contato inferior se dá com as rochas da Formação Furnas do Grupo Paraná, não apresentando contato inferior; sua espessura varia de 10 a 40m.

Tem origem sedimentar via processo pedogenético a partir de superfície pediplanada em regime de sazonalidade climática. Enquadra-se na Província Hidrogeológica Cenozóica, e sua potencialidade aqüífera em termos de recarga para o subsolo e domínios hidrogeológicos adjacentes se expressa quando apresenta espessura superior a 20 m.

Os Aluviões Atuais ocorrem na forma de faixa delgada e contínua no rio São Lourenço e no trecho inferior do córrego Amaral próximo a confluência com o primeiro corpo d’água, e se refere a sedimentos em fase de deposição, compostos por areias, siltes, argilas e cascalhos não consolidados, não estratificados, contato inferior com as rochas da Formação Furnas e Formação Ponta Grosa do Grupo Paraná. Enquadra-se na Província Hidrogeológica dos Depósitos Atuais e Sub-Atuais.


A AID e a AI neste estudo, ao nível do terceiro táxon geomorfológico, de acordo com BRASIL (1982a, 1982b), se insere na Unidade Geomorfológica do Planalto dos Guimarães, subunidades Chapada dos Guimarães e Planalto dos Alcantilados.

Essa unidade e sua subunidade Chapada dos Guimarães, ao nível de quarto táxon geomorfológico, comporta relevo dissecado do tipo Topo Tabular , com modelado t51 ao nível do quinto táxon, entre a margem direita e o divisor topográfico oeste, porção mais alta do terreno, relevo erosivo do tipo Superfície Pediplanada.

A subunidade Planalto dos Alcantilados comporta relevo dissecado do tipo Topo Tabular, bastante dissecado, com diferentes modelados (t21, t23 e t31) e do tipo Topo Convexo com modelado c32, modelado este que predomina na AI. Comporta ainda forma estrutural do tipo Patamar Estrutural junto ao divisor topográfico norte e forma de acumulação do tipo Planície Fluvial junto ao leito do rio São Lourenço e em parte do trecho inferior do córrego Amaral, já próximo à confluência com o primeiro; nesta última forma de relevo, verifica-se no local a ocorrência de meandros colmatados, testemunhos do traçado pretérito da rede de drenagem.

Os valores altitudinais variam de 800m junto ao divisor topográfico oeste, na subunidade Chapada dos Guimarães a 240m no leito do rio São Lourenço, junto ao divisor topográfico norte.


Ocorrem solos dos tipos Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, Areias Quartzosas Álicas, Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico e Podzólico Vermelho-Amarelo eutrófico.

O Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico ocorre junto ao divisor topográfico oeste, em relevos dissecados de Topo Tabular e erosivos tipo Superfície Pediplanada, nos patamares de maior valor altitudinal, oriundo de rochas da Cobertura Detrito-Laterítica e subordinadamente da Formação Furnas; genericamente, são solos profundos, altamente intemperizados, bem a excessivamente drenados, bastante permeáveis, muito porosos, dispostos em relevo plano a suavemente ondulado. Apresenta textura argilosa e encontra-se associado à Latossolo Vermelho-Escuro distrófico com textura argilosa e a Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico com textura média em relevo plano quando localizado na forma erosiva Superfície Pediplanada.

Apresenta grau de susceptibilidade ligeiro/moderado a moderado para a erosão em função da textura argilosa em relevo plano e suavemente ondulado.

As Areias Quartzosas álicas, oriundas de rochas da Cobertura Detrito-Laterítica e da Formação Furnas, predominam na porção da área de estudos compreendida entre a margem direita do rio São Lourenço e o divisor topográfico oeste, em relevos de Topo Tabular, em patamares altitudinais intermediários; genericamente são solos arenosos, profundos a muito profundos, essencialmente quartzosos, pouco desenvolvidos, excessivamente drenados, baixa capacidade de retenção de umidade, altamente lixiviados e com elevada susceptibilidade a erosão, caráter álico devido à saturação de alumínio ser superior a 50%.

Quando em relevo suavemente ondulado encontra-se associada a solos Litólicos com textura arenosa em relevo ondulado, e a Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico com textura média, Latossolo Vermelho-Escuro com textura argilosa e média e Latossolo Vermelho-Amarelo álico, todos em relevo suavemente ondulado; quando em relevo plano e suavemente ondulado, encontra-se associada a solos Concrecionários distróficos com textura indiscriminada em relevo suavemente ondulado e a Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico com textura média em relevo plano.

Apresentam grau de susceptibilidade ligeiro/moderado a moderado para a erosão em função da textura arenosa em relevo plano e suavemente ondulado, e suas limitações para o uso agrícola são decorrentes da extrema pobreza nutricional do solo.

O Latossolo Vermelho-Escuro distrófico ocorre na forma de pequena mancha junto ao divisor topográfico norte, em forma de relevo estrutural do tipo Patamar Estrutural, oriundo de rochas da Formação Ponta Grossa. São solos de textura argilosa, profundos, forte a acentuadamente drenados, com alta permeabilidade, friáveis a muito friáveis, porosidade alta. Encontra-se associado a solos Concrecionários distróficos com textura indiscriminada em relevo ondulado e fortemente ondulado e a Podzólico Vermelho-Amarelo eutrófico com textura cascalhenta/argilo-cascalhenta em relevo ondulado.

Apresenta grau de susceptibilidade ligeiro/moderado a moderado para a erosão em função da textura argilosa em relevo plano e suavemente ondulado.

O Podzólico Vermelho-Amarelo eutrófico ocorre na forma de faixa de largura variável ao longo da calha do rio São Lourenço, em relevos de Topo Tabular, oriundo de rochas das Formações Ponta Grossa e Furnas; são solos profundos a pouco profundos, moderadamente a bem drenados, permeabilidade diferenciada dentro do perfil, porosidade total baixa a média. Quando com textura média/argilosa encontra-se associado à Podzólico Vermelho-Amarelo eutrófico com textura argilosa/argilosa e arenosa/média e a Podzólico Vermelho-Amarelo distrófico com textura média-cascalhenta/argilosa cascalhenta em relevo suavemente ondulado e ondulados; e, quando com textura média/argilosa em relevo suavemente ondulado e ondulado encontra-se associado a Podzólico Vermelho-Amarelo eutrófico epiconcrecionário com textura média/argilosa em rellevo ondulado e a Latossolo Vermelho-Escuro distrófico com textura argilosa em relevo plano e suavemente ondulado.

Apresenta grau de susceptibilidade moderado/forte a forte para a erosão em função da textura média em relevo suavemente ondulado e ondulado; são solos com boa potencialidade de uso agrícola em razão de suas características químicas, desde que apresentem boas características físicas em relevo plano e suavemente ondulado.

No trecho de aproximadamente 2.380m, o rio São Lourenço recebe como tributários diretos dois córregos pela margem direita, dos quais um é de primeira ordem, sem denominação e o outro o córrego Amaral, de quarta ordem, com nascentes na cota de 800m junto ao divisor topográfico oeste, subunidade geomorfológica da Chapada dos Guimarães, todos de águas perenes. Pela margem esquerda, em função das características geomorfológicas da bacia considerada nessa porção do terreno não ocorrem tributários perenes ou intermitentes. Nesse trecho o rio São Lourenço se apresenta como rio de 5ª Ordem de acordo com a hierarquia fluvial de Strahler.

O rio São Lourenço percorre esse trecho na cota de 240m, e apresenta curso sinuoso em terreno de Planície Fluvial. Ao longo das margens ocorrem áreas de acumulação de sedimentos testemunhadas pela presença de meandros colmatados. Nesse trecho, com base em imagem de satélite de 2005, período seco, verificou-se a ocorrência de quatro corredeiras de pequena monta distribuídas de maneira não uniforme, uma ilha, dez bancos assimétricos de sedimentos, sete praias na margem direita e nove na margem esquerda.

Quanto à qualidade de suas águas, o rio São Lourenço é um rio de águas claras, nutricionalmente pobre em função das baixas concentrações de nitrogênio e fósforo, com pH circuneutro, elevado teor de oxigênio devido ao processo de turbilhonamento, baixa demanda bioquímica de oxigênio e concentração reduzida de coliformes fecais. A concentração de sedimentos tende a ser elevada em função das características naturais das componentes estruturais da bacia hidrográfica e dos usos da terra com pastagens plantadas com baixo grau de manejo, a produção de cana-de-açúcar e rede viária.

Apresenta enquadramento pleno na Classe II da Resolução CONAMA Nº 357/005. Em termos da qualidade sanitária de suas águas, avaliadas pelo Índice de Qualidade da água (IQA), o rio São Lourenço apresenta águas de qualidade boa.

Em relação aos usos da água, estes se restringem a dessedentação humana e animal e uso com recreação e pesca.

Na Área de Influência Direta, originalmente, a cobertura vegetal era formada pelas unidades fitogeográficas Savana, sub-formações Savana Arbórea Aberta com Floresta-de-Galeria e Savana Arbórea Aberta sem Floresta-de-Galeria, e Contato Savana/Floresta Estacional na Área de Tensão Ecológica.

A Região da Savana é definida, segundo Brasil (1982a, 1982b) e Veloso (1992), como uma vegetação xeromorfa preferencialmente de clima estacional que reveste solos lixiviados aluminizados, apresentando sinúsias de hemicriptófitos, geófitos e fanerófitos oligotróficos de pequeno porte. Os indivíduos lenhosos apresentam brotos foliares bem protegidos, casca grossa e rugosa, órgãos de reserva subterrâneos, geralmente pouco profundos e folhas desenvolvidas com estômatos permanentemente abertos, protegidos por pêlos.

Savana Arbórea Aberta: é uma formação campestre com arvoretas, de estrutura mais aberta, altura média de 5 a 8m, caracterizada por um tapete gramíneo-lenhoso, entremeada de árvores gregárias, geralmente raquíticas ou degradadas pelo fogo anual, perenifólia, típica de áreas lixiviadas. Esta formação apresenta na área de estudos duas sub-formações, a Savana Arbórea Aberta com Floresta-de-Galeria (Saf) e a Savana Arbórea Aberta sem Floresta-de-Galeria (Sas), ambas com a mesma composição florística, a exceção das espécies que compõe a Floresta-de-Galeria que as diferenciam.

A Floresta-de-Galeria está ligada à presença de acúmulo de sedimentos ao longo da rede de drenagem, que por sua vez depende das características fisiográficas do terreno. A cobertura arbórea proporcionada por essas duas sub-formações pode variar de 20 a 50% (Ribeiro e Walter, 1998), dependendo da umidade dos terrenos em que ocorre. As árvores, predominantemente eretas, apresentam alturas que variam de 20 a 25 m em média, com alguns poucos indivíduos emergentes alcançando 30 m, e cobertura arbórea variando de 50 a 95%.

As espécies predominantes na formação são: lixeira (Curatella americana), cariperana (Licania sp), castanha-de-arara (Joanesia sp), breu-vermelho (Protium sp), mamorana (Bombax sp), imbiruçu (Pseudobombax sp), barbatimão (Stryphonodendron sp), pau-santo (Kielmeyera sp), cambará (Vochysia sp), pau-terra (Qualea sp), pau-terra (Qualea sp), piqui (Cariocar brasiliensis), pau-santo (Kielmeyera sp), capitão-do-campo (Terminalia argentea), mirindiba (Buchenavia sp), sucupira (Bowdichia sp), angico (Anadenanthera sp), cumbaru (Dipterix alata), pindaíba (Xylopia sp), lixeira (Curatella americana), mangava (Hancornia sp), tachi (Sclerolobium sp), cambará (Vochysia sp), barbatimão (Stryphonodendron sp) e murici (Byrsonima sp).

O estrato rasteiro formado por elementos gramíneo-lenhosos de alturas variáveis raramente ultrapassa 0,50 m. A densidade e estrutura deste estrato encontram-se intimamente relacionadas à textura do solo e disponibilidade de água. Nos locais de solo com textura arenosa o estrato cespitoso individualiza-se por tufos descontínuos, onde plantas hemicriptófitas das famílias Gramíneae e Cyperaceae têm franco desenvolvimento.

Entre as espécies de maior ocorrência na Floresta-de-Galeria pode ser mencionada o jatobá (Hymenaea sp.), ipê-amarelo (Tabebuia sp.), açoita-cavalo (Luehea divaricata) e jacareúba (Callophyllum brasiliensis). Sobressaem-se ainda algumas palmeiras, principalmente o buriti (Mauritia sp.), que muitas vezes constituem expressivos adensamentos nas áreas de maior abundância hídrica, o inajá (Maximiliana sp.), a macaúba (Acrocomia sp.) e o babaçu (Orbignya sp.).

A Área de Tensão Ecológica – Contato Savana/Floresta Estacional, oriunda da modificação dos fatores ambientais que determinam à ocorrência de um dado tipo de vegetação numa área, se caracteriza pela interpenetração de formações de diferentes regiões fitoecológicas. Em sua composição florística aparecem espécies da Savana Arbórea e da Floresta Estacional que se misturam de maneira bastante homogênea, proporcionando aspecto de mata, sem o esgalhamento típico da Savana. Apresentam árvores deciduais que perdem folhas entre os meses de junho e julho.

A estrutura dessa comunidade é composta por árvores que alcançam 20 a 25 m de altura, em geral com diâmetros bastante finos, sub-bosque limpo, de fácil penetração, com pequena quantidade de cipós, e ocorrência reduzida de palmeiras, e cobertura arbórea variando de 50 a 90% (Ribeiro e Walter, 1998).

A Floresta Estacional Decidual Submontana é uma cobertura vegetal condicionada pela estacionalidade climática, caracterizada por período úmido e por período seco distintos, com percentagem das árvores caducifólias, no conjunto florestal e não das espécies que perdem as folhas individualmente, superior a 50% (Veloso, 1992). Estruturalmente, a floresta é constituída por razoável número de indivíduos adultos, dossel superior composto por árvores com altura média de 20m, com alguns indivíduos emergentes que excepcionalmente atingem 30m de altura.

Dentro das espécies que compõe o estrato arbóreo são mencionadas: canafístula (Peltophorum dubium), aroeira (Astronium urundeuva), angicos (Piptadenia sp.), amarelão (Apuleia molaris), cerejeira (Amburana acreana), guatambu (Aspidosperma sp.), ipê-roxo (Tabebuia impertiginosa), paineira (Chorisia sp.), monguba (Bombax sp.), cariperana (Licania membranaceae) breu (Protium sp.), mutumba (Gazuma ulmifolia), nó-de-porco (Physocalyma
scaberrimum), peroba (Aspidosperma sp.), tanimbuca (Terminalia sp.) e tauari (Cariniana sp.), anjico-jacaré (Piptadenia sp.), taperebá (Spondias sp.) e claraíba-branca (Cordia glabrata). O acuri (Attalea sp.) e o babaçu (Orbignya sp.) são as palmáceas de maior freqüência de ocorrência. Também é comum a presença do Gravataí (bromélia).

Atualmente, ressalvadas as coberturas das áreas protegidas por lei como as Áreas de Preservação Permanente e Reservas Legais, as Savanas foram substituídas por pastagens e plantios de soja, e as Florestas Deciduais por agricultura canavieira em terrenos mais planos ou por pastagens nas partes mais movimentadas.

De acordo com estudos efetuados na bacia, ocorrem na área de estudos 97 espécies da avifauna distribuídas em 77 gêneros e 34 famílias: TINAMIDAE Crypturellus obsoletus (Inhambu-guaçu),Crypturellus parvirostris (Inhambu-chororó), Crypturellus strigulosas (Inhambu-relógio); ARDEIDEButorides striatus (Socozinho), Egretta caerula (Garça-azul), Philherodius pileatus (Garça-real),Tigrissoma lineatum (Socó-boi); THRESKIORNITHIDAE Mesembrinus cayennensis (Corococó);ANHINGIDAE Anhinga anhinga (Biguatinga); ANATIDAE Cairina moschata (Pato-do-mato), Calloneta leucophrys (Marreca-de-coleira), Dendrocygna autumnalis (Marreca-cabloco), Dendrocygna bicolor(Marreca-peba), Dendrocygna viduata (Irerê); CATHARTIDAE Cathartes aura (Urubu-de-cabeça-vermelha), Coragyps atratus (Urubu-de-cabeça-preta), Sacoramphus papa (Urubu-rei);ACCIPITRIDAE Accipiter superciliosus (Gavião-tesoura), Bussarelus nigricollis (Gavião-belo), Buteo magnirostris (Gavião-carijó), Buteo nitidus (Gavião-pedrês), Rosthramus sociabilis (Gavião-caramujeiro); FALCONIDAE Herptotheres cachinnans (Acauã); CRACIDAE Pipile pipilei (Jacutinga, Cujubi); RALLIDAE Gallinula chloropus (Galinha-d’água), Porphyrula flavirostris (Frango-d’água-pequeno), Porphyrula martinica (Frango-d’água-azul); CHARADRIIDAE Charadrius collaris (Batuíra-de-coleira), Pluvialis dominica (Batuiruçu); COLUMBIDAE Columba speciosa (Pomba-trocal),Columbina talpacoti (Rolinha), Geotrygon montana (Juriti-pinga, Juriti-vermelha), Leptotila rufaxila(Juriti-gemedeira), Leptotila verreauxi (Juriti-pupu); Zenaida auriculata (Avoante); PSITTACIDAEAmazona amazônica (Papagaio-grego); Amazona farinosa (Papagaio-moleiro), Ara ararauna (Arara-canindé), Ara manilata (Maracanã-do-buriti), Brotogeris chiriri (Periquito-de-encontro-amarelo),Pionus maximilani (Maitaca-de-cabeça-verde); CUCULIDAE Crotophaga ani (Anu-preto), Guira guira(Anu-branco), Piaya caiana (Alma-de-gato); STRIGIDAE Athene cunicularia (Coruja-buraqueira),Bubo virginianus (João-curutu), Ciccaba huhula (Coruja-preta), Glaucidium minutissimum(Caburezinho), Pulsatrix perspicillata (Murucututu); NYCTIBIIDAE Nyctibius grandis (Urutau-grande);CAPRIMULGIDAE Caprimulgus sp. (Bacurau), Chordelis sp. (Bacurau), Hydropsalis brasiliana(Curiango-tesoura); Nytridomus albicolis (Curiango-comum); TROCHILIDAE Anthracothorax nigricollis(Beija-flor-veste-preta); Euptomena macroura (Beija-flor-tesoura); ALCEDINIDAE Ceryle torquata(Martim-pescador-grande), Chloroceryle aenea (Martim-pescador-anão), Chloroceryle amazona(Martim-pescador-verde), Chloroceryle americana (Martim-pescador-pequeno), Chloroceryle inda(Martim-pescador-da-mata); BUCCONIDAE Monasa morphoeus (Chora-chuva-de-cara-branca),Monasa nigrifrons (Chora-chuva-preto); RAMPHRASTRIDAE Ramphastus toco (Tucano);FURNARIIDAE Schoeniophylax phryganophila (Bichoíta), Synallarix ruficapilla (Pichororé);TYRANNIDAE Pitangus sulphurathus (Bem-te-vi), Todirustrum sp. (Ferreirinho), Tyrannus savana(Tesourinha); HIRUNDINIDAE Tachycineta albiventer (Andorinha-do-rio); TURDIDAE Turdus albicolis(Sabiá-de-coleira), Turdus amaurochalinus (Sabiá-poca); MIMIDAE Mimus triurus (Tejo-de-rabo-branco); CORVIDAE Cyanocorax cristatelus (Gralha-do-campo); EMBEREZIDAE Oryzoborus angolensis (Curió), Sicalis sp. (Canário), Sporophila caerulescens (Coleirinha), Tangara sp. (Safra),Tersina viridis (Saí-andorinha), Thraupis palmarum (Sanhaço-do-coqueiro), Thraupis sayaca(Sanhaço-cinza), Tiaris fuliginosa (Cigarinha-de-coleira), Volatinia jacarina (Tziu); ICTERIDAECaccicus sp. (Japuíra), Gnorimopsar chopi (Passaro-preto); CARIAMIDAE Cariama cristata(Seriema).
Estas espécies estão distribuídas em 28 guildas (grupamento por função ecológica) sem predominância explicita de alguma delas. Foram identificadas como guildas de ocorrência: Terra / Frugívoro, Terra / Onívoro, Terra / Insetívoro, Terra + Ar / Piscívoro, Terra + Ar / Frugívoro, Terra + Dossel / Frugívoro, Terra + Ar / Necrófago + frugívoro, Água / Piscívoro, Água / Onívoro, Água / Semente + Insetívoro, Dossel / Frugívoro, Dossel / Carnívoro, Dossel / Sementes, Dossel / Insetívoro, Dossel / Onívoro, Dossel/ Sementes + frugívoro, Dossel + Ar / Carnívoro, Dossel + Sub-bosque / Necrófago, Dossel + Sub-bosque / Frugívoro, Estrato Médio / Onívoro, Ar / Insetívoro e Sub-bosque + Terra / Insetívoro.

A guilda de maior expressão é a Dossel / Frugívoro que abrange 12,48% das famílias, seguida pela Terra / Onívoro, Terra / Insetívoro e Dossel / Insetívoro que abrangem 9,38% das famílias cada. As quatro guildas de maior expressão perfazem 40,62% do total das famílias.

Em relação às espécies, também não ocorre à dominância explícita entre elas; a guilda Terra / Insetívoro abrange 15,13% das espécies, seguida pela Dossel / Frugívoro com 14,14%, Dossel + Sub-bosque / Frugívoro com 7,61% e pelas guildas Dossel / Semente, Dossel / Insetívoro e Dossel + ar / Carnívoro com 6,52% cada. Essas 6 guildas perfazem 56,44% do total das espécies.

A mastofauna apresenta por composição, conforme quadro 14, 6 ordens, 13 famílias, 23 gêneros e 26 espécies: ARTIODACTYLA Cervidae Mazama americana (Veado-mateiro), TayassuidaeTayassu pecari (Queixada), Pecari tajacu (Cateto); CARNÍVORA Canidae Cerdocyon thous(Lobinho), Felidae Felis concolor (Onça parda), Felis tigrina (Gato-do-mato-pequeno), Leopardus pardalis (Jaguatirica), Mustelidae Pteronura brasiliensis (Ariranha); PERISSODACTYLA TaperidaeTapirus terrestris (Anta); PRIMATES Cebidae Cebus apella (Macaco-prego); RODENTIA Cuniculidae Agouti paca (Paca), Dasyproctidae Dasyprocta sp. (Cutia), HydrochoeridaeHydrochaerus hydrochaeris (Capivara); XENARTHA Dasyproctidae Cabassous unicinctus (Tatu-de-rabo-mole-pequeno), Dasyprus kappleri (Tatu-de-quinze-quilos), Euphractus sexcinctus (Tatu-peba),Tolypeutes matacus (Tatu-bola), Myrmecophagidae Myrmecophaga tetradactyla (Tamanduá-mirim).

A ordem Carnívora é aquela que apresenta o maior número de famílias (4 ou 30,77%), seguida pela Rodentia com 3 famílias (23,08%). Também, a Ordem Carnívora é a que apresenta o maior número de espécies (10 ou 38,46% do total), seguida pela Xenarthra com 23,08%, e pelas ordens Artiodactyla e Rodentia com 3 espécies cada ou 11,53%. Essas quatro ordens perfazem 84,62% do total de espécies.

Em relação às famílias, ocorre predominância discreta entre elas no que se refere ao número de espécies. As famílias Felidae e Dasypodidae perfazem 4 espécies cada (15,58%), seguida pela Canidae com 3 espécies (11,54%); as demais dez famílias perfazem 57,3% das espécies.

A herpetofauna, encontra-se composta por 2 classes, 5 ordens, 11 famílias, 19 gêneros e espécies:

- Classe Amphibia: ANURA Bufonidae Bufo sp. (Sapo), Leptodactylidae Physalaemus deimaticus(Rã).

- Classe Reptília: SAURIA Gekkonidae Hemidactylus mabouia (Lagartixa), Iguanidae Iguana iguana (Sinimbu), Teiidae Ameiva ameiva (Calango-verde), Tupinanbis merianae (Teiú), Calango;SERPENTES, Aniliidae Anilus scytale (Falsa-coral-rubronregra), Boidae Boa constrictor (Jibóia),Eunectes murinus (Sucuri), Colubridae Apostolepsis dimidata (Falsa-coral), Chironius sp. (Cobra-cipó), Clélia clélia (Canta-galo), Liophis sp. (Jararaquinha), Waglerophis merremii (Boipeva),Viperidae Bothrops moojeni (Jararaca), Crotalus durissus (Cascavel); CROCODILIA AlligatoridaeCaiman caiman (jacaré); CHELONIA cágado.

A ordem predominante é a Serpentes que perfaz 4 famílias (36,36%) e 8 espécies (42,11%), seguida pela Sáuria com 3 famílias (27,27%) e 5 espécies (26,32%); em seu conjunto, essas duas ordens perfazem 63,63% do total de famílias e 68,43% das espécies.

A família predominante é a Colubridae que perfaz 26,32% das espécies, seguida pela Teiidae com 15,79% e Boidae e Viperidae com 10,53% cada. Essas quatro famílias perfazem, em seu conjunto, 63,17% das espécies.

Estima-se que a ictiofauna do Pantanal Matogrossense contenha 400 espécies de peixes, com predominância de Characiformes e de Siluriformes. No entanto, a relação de espécies não está completa.

São consideradas como de ocorrência na região Pantaneira as seguintes espécies:CHARACIFORMES Acestrorhynchidae Acestrorhynchus pantaneiro (Peixe-cachorro),Anastomidae Leporellus vittatus (Piava), Leporinus copilandii (Piava), Leporinus elongatus (Piau),Leporinus frederici (Piau-tres-pintas), Leporinus obtusidens (Piau), Leporinus otofasciatus (Piavuçu),Schizodon Borelli (Piava), Characidae Astyanax alleni (Lambari), Astyanax bimaculatus , Astyanax lineatus (Lambari), Astyanax pelegrini (Lambari), Bricon microleppis (Piraputanga), Catoprion mento(Catirina), Ctenobrycon alleni (Pequira), Cynopotamus kincaidi (Saicanga), Deuterodon acanthogaster (Piaba, Lambari), Galeocharax humeralis (Saicanga), Hemiodus orthonops (Piau-banana), Markiana nigripinnis (Lambari-campo), Metynnis maculatus (Pacu-peva), Metynnis mola(Pacu-peva), Myloplus Levis (Pacu), Moenhkausia intermédia (Lambari), Moenkhausia sanctafilomena (Lambari), Roeboides bonariensis (Saicanga), Salminus maxilosus (Dourado),Tetragonopterus argenteus (Sauá), Triporheus paranensis (Sardinha), Curimatidae Curimatella dorsalis (Curumbatazinho), Patamorthina equamoralevis (Sairú-liso), Potamorphis eigenmanni (Peixe-agulha), Psectrogaster curviventris (Sairú-cascudo), Steindachnerina breviplinna (Curumbatazinho),Steindachnerina conpersa (Curumbatazinho), Erytrinidae Eritrinus sp. (Traíra), Hoplerythrinus unitaeniatus (Jeju), Hemiodontidae Hemiodus microlepis (Piava-banana), Hemiodus orthonops(Peixe-banana), Paradon gestri (Duro-duro), Prochilodontidae Prochilodus lineatus (Curimbatá),Serrasalmidae Myleus sp. (Pacu), Mylossoma paraguayensis (Pacu-peva), Serrasalmus marginatus(Piranha); GYMNOTIFORMES Gymnotidae Hypopomus sp. (Tuvira); PLEURONECTIFORMES Achiridae Catathyridium jenynsii (Arraia-sem-ferrão); PERCIFORMES Cichlidae Aequideus paraguayensis (Cará), Aspistogramma Borelli (Cará), Aspistogramma commbrae (Cará),Aspistograma trifasciata (Cará), Bujurquina vittata (Cará), Cichlasoma dimerus (Cará, Acará),Crenicichla edithae (Joana-guenza), Gymnogeophagus balzanii (Cará), Laetacara dorsigera (Cará),Mesonauta festivus (Cará), Satanoperca papaterra (Cará); SILURIFORMES AgeneiosidaeAgeneiosus brevifilis (Palmito), Auchenipteridae Auchenipterus nigrinipinnis (Palmitinho),Callichtydae Callichtys callichtys (Camboatá), Corydoras hastatus (Camboatazinho), Corydoras polystictus (Camboatazinho), Hoplosternun litoralle (Camboatá), Cetopsidae Pseudocetopsis gobioides (Caborge), Doradidae Oxydoras kneri (Botoado), Pterodoras granulosus (Botoado),Loricariidae Liposarcus anisitsi (Cascudo), Megalancistrus aculeatus (Cascudo), PimelodidaeHemisurobim platyrrhincus (Jiripoca), Megalonema platanus (Fidalgo), Paulicea sp. (Jaú), Pimelodella gracilis (Chum-chum), Pimelodella mucosa (Chum-chum), Pimelodus fur (Mandi-branco), Pimelodus maculatus (Mandi-amarelo), Pimelodus ornatus (Cabeçudo), Pinirampus pirinampu (Barbado),Pseudopimelodus sp. (Bagre), Pseudoplatystoma corruscans (Pintado), Pseudoplatystoma fasciatum(Cachara), Sorubim lima (Jurupesem), Rhamphichtyidae Ramphictys marmoratus (Tuvira, Ituíra).

Das espécies residentes ou de pequeno movimento migratório destacam-se as seguintes: lambaris do gênero Astynax, piranhas do gênero Serrassalmus, traíra, abotoado e pequenos bagres e mandis. O trecho do rio São Lourenço que corta a AI desempenha função de corredor de deslocamento para as espécies migratórias.


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