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Da Editoria
Os sistemas de produção baseados em monocultura ou na sucessão contínua de culturas hospedeiras, tanto no país como em Mato Grosso, atualmente o maior produtor de grãos do Brasil, têm contribuído para o aumento considerável das populações de espécies de fitonematoides que causam queda de rendimento da planta e perdas de produção, como os nematoides de galha (Meloidogyne sp.), de cisto (Heterodera sp.), reniformes (Rotylenchulus sp.) e das lesões radiculares (Pratylenchus sp.). Com o aumento constante destas populações nas lavouras, os problemas ocasionados por eles são agravados. Na cultura da soja, por exemplo, pesquisas indicam prejuízos de até 40%, dependendo do tamanho da infestação, da espécie da praga e das condições naturais da região.
Para reduzir o problema já existem algumas alternativas de controle químico, biológico, por meio de variedades resistentes e com rotação de culturas. Uma das soluções mais indicadas é a rotação com crotalaria spectabilis ou crotalaria ochroleuca.
Como a cultura não é hospedeira de espécies nocivas, como o Pratylenchus brachyurus, por exemplo, ela interrompe a chamada ponte verde, que garante o fornecimento constante de alimento. Assim, tem-se a redução da população destes vermes. Entretanto, ao fazer isso, o produtor precisa abrir mão da renda de uma safrinha de milho, por exemplo, o que dificulta a aceitação.
Encontrar novas opções de controle e manejo de nematoides é um dos principais desafios para os nematologistas brasileiros nos próximos anos. Os caminhos para conseguir atender à crescente demanda por soluções a esta praga foram discutidos durante o 31º Congresso Brasileiro de Nematologia, que terminou na última quinta-feira, em Cuiabá (MT).
Durante quatro dias, cerca de 420 pesquisadores do Brasil e do exterior, professores, estudantes de graduação e pós-graduação, agrônomos e produtores participaram de palestras, mesas redondas e sessões de pôsteres. Além de acompanharem as novidades da pesquisa na área, eles puderam discutir os desafios e as principais demandas a serem trabalhadas.
“Os nematologiastas agrícolas têm o desafio de enfrentar e resolver os problemas nematológicos que vêm se agravando e ampliando no Brasil. Na medida em que a agricultura vai se expandindo, o agronegócio vai se modernizando, tem se agravado e surgido novos problemas com os nematoides fitoparasitas. O desafio é dar conta e responder esta maior demanda. Para isso precisamos atacar em várias linhas”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN), Ricardo Moreira de Souza. Como completa, entre as várias linhas ele considera desde a taxonomia, com a identificação de quais são as espécies que estão dando problema no campo, até a busca por materiais resistentes, fazer testes com produtos químicos e investir no controle biológico. “Há uma demanda da sociedade por menor uso de pesticidas”.
Segundo o pesquisador da Esalq/USP Mário Inomoto, são poucos os produtores que entendem a necessidade de fazer esta rotação como maneira preventiva. Assim esta solução é utilizada somente em casos extremos. Por isso, defende a necessidade de se encontrar alternativas mais viáveis para os produtores.
“É um desafio desenvolver técnicas mais amigáveis para o produtor. Que ele não tenha de renunciar desta renda do milho ou da soja. Técnicas que sejam mais aceitáveis do ponto de vista econômico para o produtor”, afirma.
Para o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Guilherme Asmus, parte da solução está no melhoramento genético, com o desenvolvimento de cultivares resistentes aos nematoides mais prejudiciais às culturas. Segundo ele, a Embrapa tem trabalhado nesta linha e também nas alternativas de manejo.
“A Embrapa trabalha intensivamente o melhoramento vegetal na busca de cultivares resistentes às diferentes espécies de nematoides. A segunda linha de pesquisa da Embrapa é de manejo das culturas para reduzir o problema dos nematoides. Quando eu falo em manejo é definindo sistemas de rotação ou de sucessão de culturas mais adequados para áreas infestadas”, explica.
MAIS ATENÇÃO - O caminho para o surgimento de novas soluções tecnológicas passa também pela maior valorização da área da nematologia. Segundo o presidente da SBN estão sendo formados nematologistas, mas universidades e instituições de pesquisa absorvem uma parcela pequena destes profissionais.
“Precisaremos de mais nematologistas. A maioria das universidades brasileiras tem um fitopatologista, mas não tem nematologista. Os cursos de pós-graduação estão formando nematologistas, mas não há abertura de vagas para absorver”, adverte Ricardo Souza.
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