1 de dezembro de 2013

Artista expõe pinturas do passado e presente de Cuiabá


O artista plástico busca por meio do academicismo, às vezes próximo do impressionismo, pela massa de tinta lançada pela espátula, desprezar contorno, ângulos e enquadramentos
BEATRIZ SATURNINO
SEC-MT
Divulgação

Passado e presente na obra de Walmir Leite

Do acadêmico ao expressionismo, a Cuiabá antiga é convite para a exposição “Um passeio... Revivendo Cuiabá”, com o artista plástico Walmir Leite, na Galeria de Artes da Secretaria de Estado de Cultura (SES-MT), de 27 de novembro a 06 de dezembro. A capital mato-grossense é representada no segundo centenário. A mesma avenida que abriga a exposição, a Presidente Getúlio Vargas, é apresentada como avenida Poconé, em umas das 57 obras espatuladas a serem apresentadas, entre outras surpresas, aos visitantes. A entrada é gratuita, das 13h às 18h.

As telas são verdadeiros tabuleiros, que propiciam aos apreciadores da visualidade o jogo de preencher os locais das praças, das igrejas, das pontes, dos córregos e dos casarios com as construções antigas da cuiabana. A localização da espacialidade urbana com as movimentações dos automóveis, as árvores que apontam para o horizonte celestial, os burricos puxando carroças, como um VLT (Veículo Leve sobre Trilho), sinalizam a territorialidade em signos cotidianos da época.

Também são fixados os antigos padeiros, verdureiros, leiteiros a cavalo, vendedores de bolos, lenhateiros com angico vermelho no lombo do boi e, dando graça e alegria, crianças empinando pipas e jogando bola de gude. “Sinto-me realizado e feliz em apresentar aos visitantes e amigos quase 60 telas espatuladas da minha velha Cuiabá de outrora, com o apoio de meus familiares, amigos e da professora Marília Beatriz Figueirdo Leite, minha curadora. Acredito ter completado esse momento colocando vida e movimento, ao inserir frios trilhos vazios e incrustados nas velhas ruas, a imagem do primeiro bonde a tração animal de Cuiabá, precursor do já bem próximo VLT”, pontua Walmir Leite.

Conforme a professora mestre em Comunicação e Semiótica pela UFMT, Marília Beatriz, Walmir leite é “autor cidadão que, com a arte, torna possível a posição de encarar o futuro com a coragem, porque o passado foi penetrado por projetos competentes que permitem este presente esperançoso!”.

Colaboradora da exposição, a historiadora Elizabeth Madureira Siqueira observa que lembrar a Cuiabá de outrora é pensar na Cuiabá de hoje. Walmir Leite, como cuiabano autêntico, fez questão, nesta exposição, de brindar os visitantes com um olhar que conclama uma série de reflexões sobre a convivência entre o passado e o presente, o tradicional e o contemporâneo, apontando para as principais transformações. Muitos quadros reconstituem espaços que hoje não mais existem, mas que compuseram o viver, o lazer e a religiosidade dos cuiabanos.

São pinturas captadas de livros, por meio de álbuns gráficos de Mato Grosso, editado na Alemanha. Também de imagens registradas a partir da obra "Imagens da Cidade - Dos primeiros registros à década de 1960", da autora Maria Auxiliadora de Freitas, lançado pela “Entrelinhas” e recém exposto no Pavilhão das Artes, da SEC-MT.

Walmir Leite

O artista teve sua iniciação em 1955, aos 17 anos, no Rio de Janeiro, com o professor Bustamante Sá, da Faculdade de Belas Artes, e de lá para cá não parou mais. Fascinado por fotografias antigas, desde as estampas no “Album Graphico do Estado de Mato Grosso” até edições contemporâneas de excelentes historiadores modernos, busca com determinação desprezar contorno, ângulos e enquadramentos pela massa de tinta lançada pela espátula. Para tanto, usa o academicismo, às vezes próximo do impressionismo.



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