No final do segundo século a heresia conhecida como Monarquianismo se opôs ferozmente contra a teologia trinitariana. Eles se dividiam em dois grupos: a) Monarquianismo Dinâmico: defendia que Cristo era apenas um homem, adotado por Deus por ocasião de seu batismo; b) Monarquianismo Modalista: sustentava que o Pai, o Filho e o Espírito Santo seriam três “modos” sucessivos segundo os quais Deus se “manifestava” e trazia salvação aos homens. Alguns dos mais proeminentes defensores do Modalismo nessa época foram Noetos, Praxeas, Calixto e Sabélio. Do outro lado, Tertuliano, Hipólito e Orígenes formaram uma frente única contra o unicismo.
Em virtude dos intensos debates travados no segundo século e durante os séculos seguintes, o unicismo desapareceu da História, vindo a se recuperar muito tempo depois. Hoje, mais de cem anos depois dos primeiros “avivamentos” que varreram os Estados Unidos, o unicismo encontra-se em todo o mundo, tendo diversas ramificações em nosso país.
Origem e história
A origem do unicismo se prende aos primeiros séculos da Era Cristã. Os mais antigos relatos que se têm notícia são de Praxeas ensinando na Ásia Menor, enquanto Noetos aparece pregandoem Roma. Noetosfoi quem primeiro formulou uma teologia essencialmente unicista. Ele foi bispo de Esmirna, quando por volta de 180 d. C começou a ensinar o que mais tarde seria conhecido como Monarquianismo. Expulso da igreja de Esmirna por causa de sua insubmissão ao ministério, Noetos se refugiou em Roma, onde mais tarde conheceria Epigonus, primeiro discípulo e propagador de sua ideias.
Outro destacado líder do unicismo por essa época foi Praxeas. Oriundo da Ásia Menor, Praxeas era conhecido por seu gênero inquieto, arrogante e perspicaz. Ele chegou a Roma de maneira sutil, passando despercebido até mesmo pelo experiente Hipólito. Formado aos pés de Noetos, Praxeas desenvolveu boa parte de seu ministério em Cartago, onde encontrou forte oposição por parte de Tertuliano. Praxeas negava a preexistência do Filho, usando o termo Filho aplicado apenas à encarnação. Segundo este bispo, o Filho seria carne; o Pai Espírito (Deus). Era assim que Praxeas entendia as duas naturezas do Filho, sendo hoje um dos principais artifícios do unicismo. Essa doutrina foi combatida por Tertuliano em Contra Praxeas, quando pela primeira vez o apologista Tertuliano usa o termo trinitas (“trindade”) para a divindade.
O unicismo, enquanto tentativa de explicar a natureza de Deus, ganhou corpo a partir do terceiro século. Movido pelo racha do Monarquianismo em Dinâmico e Modalista, ainda no fim do segundo século, Sabélio – um bispo de uma igreja cristã do norte da África -, saiu em defesa do Modalismo. Sabélio estabeleceu novas diretrizes ao unicismo, do que lhe valeu o título de “maior defensor do Modalismo (unicismo) da História”. Muitas das definições que conhecemos hoje, como “modos do Pai”, “modos do Filho” e “modos do Espírito Santo”, tiveram origemem Sabélio. Apesarda forte oposição imposta por parte de alguns lideres da igreja na época, entre eles Tertuliano e Orígenes, Sabélio “progrediu”, encontrando na massa dos fieis seus principais seguidores. Sabélio foi excomungado em 220 d.C. pelo Papa Calixto, que muitos em sua época diziam ter aderido ao unicismo. A doutrina unicista foi condenada de maneira definitiva pelo Papa Dionísio de Alexandria, quando em 263 d.C derrotou o sabelianismo.
O pentecostalismo unicista no vigésimo século
Embora não exista consenso quanto a data exata do reaparecimento do unicismo no vigésimo século, alguns autores têm proposto o ano de 1913 como o marco de sua restauração. Foi durante um acampamentoem Los Angeles, em 15 de abril, que um pregador canadense o Rev. R. E. Masclester passou a ensinar que o “verdadeiro” batismo é em nome de Jesus. Sua mensagem foi recebida por uns e rejeitada por outros. Entre eles estava John S. Sheppe, fundador de um movimento conhecido como “Só Jesus”, e o evangelista Frank Ewart, outro expoente do movimento. Homens como Glen A. Cook, G. T. Hoywood, E. N. Bell e H. A. Gss vieram e formaram a imensa galeria dos tais pregadores unicistas.
Em 1916, por ocasião da Convenção Geral das Assembleias de Deus, a doutrina bíblica da Trindade foi reafirmada, resultando na exclusão de 156 pastores e suas respectivas igrejas. Surgia a Assembleia Geral das Assembleias Apostólicas (AGAA), que se uniu, em1918, aum outro grupo conhecido como Assembleias Pentecostais do Mundo (APM). Dessa junção surgiriam duas outras organizações: as Assembleias Pentecostais de Jesus Cristo, liderada por W.T. Witherpson e a Igreja Incorporada, liderada por Hoywoord A. Gss. Essas se uniram para fundar, em1945, aIgreja Pentecostal Unida Internacional (IPUI). Eles adotaram a seguinte doutrina fundamental.
“A doutrina básica fundamental desta organização será o padrão bíblico de salvação completa, o que significa o arrependimento, o batismo por imersão em águas em nome do Senhor Jesus Cristo e o batismo com o Espírito Santo com o sinal inicial de falar em outras línguas de acordo com a direção do Espírito. Procuremos manter a unidade do Espírito até que cheguemos à unidade da fé, ao mesmo tempo advertindo a todos os irmãos que não provoquem polêmica pelos seus pontos de vista diferentes para a desunião do corpo”.
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