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Mesmo com problemas, safra 13/14 fecha com recordes em Mato Grosso
MARIANNA PERES
DO DIÁRIO DE CUIABÁ
A produtividade da safra mato-grossense de soja, 2013/14, fechou o ciclo com crescimento de 5,11%, conforme balanço final divulgado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Apesar das adversidades climáticas e fitossanitárias, especialmente registradas entre fevereiro e março deste ano, o rendimento por hectare ficou em 52 sacas, volume que supera o saldo dos últimos dois anos, quando o resultado registrou 50 sacas.
Se por um lado a produtividade ficou duas sacas abaixo do esperado inicialmente pelo Imea – projeção apontava 54 sacas até meados de janeiro - o saldo desta safra foi positivo, pois por mais um ano consecutivo o Estado superou o próprio recorde de produção e de área plantada e finda novamente o ano-safra da cultura como o maior produtor nacional, responsável sozinho por um terço da oferta brasileira. A produção inédita de 26,15 milhões de toneladas (t) é 10,5% maior que o resultado anterior, de 23,60 milhões t, até então o recorde. A área cultivada cresceu 5,2% ao passar de 7,91 milhões de hectares (ha) para 8,32 milhões, mais um número histórico ao Estado. Mesmo com problemas graves em decorrência das chuvas e de doenças e pragas que comprometeram o desenvolvimento das lavouras, a expansão da produção, em uma avaliação relativa, foi duas vezes maior que a variação territorial, ou seja, a oferta cresceu 10,5% enquanto a superfície, 5,2%.
Os analistas do Imea destacam que foram 15 semanas de trabalho durante o período de colheita até que toda a área estivesse concluída, o que só ocorreu no início da segunda quinzena deste mês. Mesmo com rendimento acima das última duas safras, o Instituto lembra que a produtividade ponderada pela área colhida apresentou sua maior média na segunda semana de fevereiro, com 54,2 sc/ha. Em janeiro, o segmento chegou a acreditar em um recorde de 56 sacas/ha, mas a possibilidade se perdeu em meio à intensidade das chuvas e aos casos de ferrugem, especialmente sobre as lavouras com variedades de ciclos mais tardios. “Essa redução ocorreu porque, além dos grandes volumes de chuvas observados, sobretudo durante as duas últimas semanas de fevereiro, outros fatores que cadenciaram a produtividade no campo foram ataques de pragas e a incidência da ferrugem nas lavouras, fatores que impuseram perdas”.
Positivo e negativo
As chuvas reduziram o potencial de produtividade que seria histórico, assim como no ano passado, mas de maneira diferente. No ano passado, a conjuntura foi a seguinte: plantou-se a soja muito cedo e se tirou a soja muito cedo. Entre 15 de janeiro de 2013 e 15 de fevereiro, grandes volumes de soja haviam deixado o campo, justamente quando as chuvas se concentraram. Nesse ano, como houve uma série de problemas - desde a lucratividade do milho que desestimulou o seu plantio – que forçou novas estratégias. Para este ano se plantou de forma mais cadenciada a soja para ter mais janelas entre as chuvas na área da colheita. A estratégia este ano foi a de focar a soja, ano passado se focou milho. “Atrasamos conscientemente o plantio para não se concentrar a colheita, mas houve um percalço entre o planejamento e a realização, um veranico entre outubro que atrasou ainda mais o plantio e que no frigir dos ovos, acabou concentrando a colheita novamente, porque de 15 de outubro a 1º de novembro, a gente plantou 45% da área estimada, ou seja, muita coisa em pouco tempo. Ai boa parte dessa soja começou a ser retirada somente a partir de 10 de fevereiro, quando exatamente começou a chover continuamente no Estado”, explica o Imea.
Se existe uma surpresa positiva ela está no dólar e na reação do mercado em plena colheita, frutos da variação da moeda em relação ao real e da frustração que a safra nacional causou no mercado que chegou a prever mais de 90 milhões t e deve chegar a 85 milhões, o que neste primeiro momento pressiona os estoques mundiais do grão que seguem apertados até a consolidação da safra norte-americana nos próximos meses.
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