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18 de maio de 2014

Onda verde e amarelo já ocupa as ruas de Cuiabá

Cidade começa a entrar no clima do Mundial de futebol

CAROLINE LANHI
Redação/Secom-MT

A menos de um mês para a Copa do Mundo já se pode ver bandeiras do Brasil em vitrines, balões e bandeirolas verdes e amarelas de um lado ao outro das ruas. Da porta para dentro, empresários investem em produtos diferenciados, artesanais, originais e planejam horários alternativos para atender o público que vem de fora. 

Com capricho e paciência a artesã Jaine Mary Santi Roque, 54, – que prefere ser chamada pelo nome que virou sua marca “Mary Jay” – recorta 105 pequenas flores em tecido. São verdes, amarelas, azuis e brancas que, à medida que são aplicadas sobre uma camiseta, vão dando forma a uma original bandeira do Brasil. A peça foi criada para ser o carro-chefe da marca durante a Copa do Mundo de Cuiabá, mas o sucesso começou dois meses antes do mundial. 

Hoje, em seu ateliê, não há camiseta com a bandeira que já não tenha dono. E as encomendas não param de chegar. O trabalho delicado e minucioso demanda tempo, tanto que são feitas no máximo duas peças por dia. Por isso, Mary Jay conta com o apoio de outras artesãs bordadeiras, que têm neste trabalho a possibilidade de aumentar a renda. 

A expectativa de Mary é que a procura aumente ainda mais depois da feira e das parcerias que os lojistas da Rua 24 de Outubro – famosa em Cuiabá pelas lojas de decoração e artesanato – pretendem fazer, principalmente com os hotéis localizados na região. A ideia é realizar uma espécie de “feira permanente”, com a ampliação do horário de atendimento durante as semanas de jogos, explica empresária Creuza Medeiros, 42, que possui uma loja de produtos de artesãos mato-grossenses. 





Entre os presentes mais procurados pelos turistas estão chaveiros, porta copos e, principalmente, o tradicional “Divino”. A diferença é que para o período da Copa esses artesanatos devem ganhar elementos que lembram a bandeira, a seleção e o Mundial de Futebol, explica Creuza. Na mesma rua, outra loja de artesanato local se preocupou em não deixar o turista sem informação. Desde o final de 2013, conta a empresária Juliana Gonçalves, 34, os artesãos fornecedores começaram a fazer etiquetas bilíngues (inglês/ português) contendo explicação sobre a peça. 



Na loja de biquínis e moda fitness onde Vanessa Senna, 31, é gerente, nem houve tempo de colocar na vitrine os produtos que chegaram com a estampa da bandeira do Brasil. “Saiu praticamente tudo antes mesmo de expormos. Ficaram algumas peças que já estão reservadas”. A solução foi montar looks com peças que levam as cores verde e amarela até que chegue a próxima remessa de roupas. Já quem não trabalha artesanato ou roupa investe na decoração para atrair clientes e criar um clima de festa. Na ótica onde trabalha Jaqueline Farias, 19, mais do que enfeitar loja as funcionárias literalmente vestiram a camisa – verde e amarela, claro
Ainda assim, para o lojista Fernando Sato, 28,o movimento poderia ser melhor pelo fato de estarmos a menos de 30 dias do mundial. Juntamente com outros três empresários, Fernando decorou a rua onde está localizada a sua loja e tem a expectativa que o movimento aumente nas próximas semanas. Quem também está sentindo falta de mais enfeites, bandeiras e pinturas é a estudante Mariana Lopes, 14 anos. “Antes os moradores do meu bairro (CPA) enfeitavam a rua, pintavam os muros, mas ainda não vi isso este ano. Acho que as pessoas estão desanimadas”, avalia.
O sociólogo Francisco Xavier Freire, professor doutor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), lembra que a Copa do Mundo de Futebol envolve duas situações diferentes: 1) organizar o megaevento; e 2) participar. “Tradicionalmente nós participamos de Copas do Mundo e, até então, o que era cobrado era o desempenho da seleção brasileira. Quando só se participa há sentimento de união, comunidade, mas quando o país organiza o sentimento não é só de união, pode ser de divergência”, analisa Freire, referindo-se ao ônus de quem organiza, no caso de Cuiabá as obras de mobilidade urbana e de estruturas esportivas. 


Estudioso da sociologia do esporte, Freire coordena uma rede de pesquisadores envolvidos no “Estudo sobre investimentos e legados da Copa do Mundo em Cuiabá”, que vai fazer uma etnografia sobre as manifestações do nacionalismo em Cuiabá a partir da Copa do Mundo, além de estudar os investimentos que estão sendo realizados para o evento. O professor explica que nesse período pré-Copa muitas pessoas confundem legado com impacto. Até o momento, afirma o pesquisador, a população tem sentido os impactos, principalmente os negativos, por conta dos transtornos causados pelas obras. Já o legado é a herança que ficará em longo prazo.

“Acredito que Cuiabá será uma das grandes beneficiadas, principalmente pela precária infraestrutura urbanística que temos. Mas é preciso esperar a conclusão das obras. É com o tempo que vamos perceber o legado”, diz Freire, acrescentando que o maior legado que a população brasileira terá a partir da Copa é aquele intangível, ou seja, o conhecimento adquirido e a troca cultural, tanto por parte dos turistas quanto de quem mora em Cuiabá. “Isso é o que fica e não tem como calcular isso do ponto de vista econômico”. 


Mesmos com as dificuldades impostas pelas obras de mobilidade urbana realizadas em Cuiabá, o clima de Copa do Mundo já invadiu a casa do pequeno Renato, de apenas dois anos. No dia 10 de maio ele ganhou uma festa de aniversário com muito verde e amarelo e bolas de futebol. Nem o Fuleco, mascote da Copa do Mundo de 2014, ficou de fora da comemoração. Com pai e mãe flamenguistas e apaixonados por futebol, a festa não poderia ter temática diferente, ainda mais no ano que o Brasil recebe o megaevento. 

“Temática de bichinhos e super-heróis tem todo ano, por isso preferimos fazer a festa com o tema da Copa, para aproveitar o momento”, conta a mãe Maria Luiza Alencar, 34. Em cada convite a recomendação: comparecer vestido com as cores da bandeira ou com a camiseta de algum time – ninguém ficou de fora da brincadeira, garantiu a mamãe.

Informações úteis:

Comércio – Durante a Copa do Mundo o comércio vai funcionar em horário normal. Nos dias de jogos os lojistas de rua poderão optar por fechar durante a partida.

Transporte – Com o Google Transit é possível checar os horários e linhas de ônibus do transporte coletivo de Cuiabá. O serviço pode ser acessado por meio de celulares, tablets ou computadores e está disponível em diferentes idiomas. Acesse a ferramenta pelo google.com.br/maps.

Retirada de ingressos - Em Cuiabá, o Centro de Distribuição de Ingressos da FIFA está localizado no Shopping Pantanal e funcionará até o dia 24 de junho em todos os dias da semana. Endereço: Av. Historiador Rubens de Mendonça, 3300 - Jardim Aclimação, Cuiabá - MT, 78055-000.

Mais informações em link www.fifa.com/ingressos

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