GUILHERME BLATT
Redação/Secom-MT
Taegeuk é uma palavra coreana que significa “grande polaridade” e representa uma série de valores filosóficos, relacionados ao equilíbrio de forças. Taegeuk é a versão coreana do Taiji chinês, que no mundo ocidental é associado às técnicas de meditação e ao Yin e Yang, que descrevem as forças opostas e complementares que se encontram em todas as coisas. A terra e o céu, a luz e a escuridão.
O símbolo do Taegeuk é uma esfera dividida entre o vermelho e o azul. Este símbolo está presente no centro da bandeira da Coreia do Sul, cercado por quatro trigramas (sequência de três linhas, contínuas ou separadas). O Taegeuk representa a unidade essencial de todo o ser, enquanto que os trigramas representam o céu e a terra, o fogo e a água. Tudo na bandeira sul-coreana quer passar a sensação de equilíbrio.
A seleção sul-coreana de futebol é conhecida como “Guerreiros Taegeuk” e como não poderia deixar de ser, a principal característica da equipe é o equilíbrio entre os setores do time. Desde que o principal nome do futebol coreano, o meia Park Ji-Sung se afastou da seleção, o país não possui nenhum grande destaque no futebol mundial, mas reúne alguns bons jogadores espalhados pelo campo. A equipe também tem bons fundamentos, com uma boa troca de passes e muita velocidade para compensar a falta de jogadores mais habilidosos.
O futebol sul-coreano viveu seu momento máximo no dia 25 de junho de 2002. Neste dia, a seleção nacional entrou em campo para enfrentar a tradicional Alemanha em um jogo válido pelas semifinais da Copa do Mundo da Coreia e do Japão. Mais de 65 mil pessoas lotaram o estádio de Seul para apoiar o time da casa, que acabou derrotado pelos alemães por 1x0, gol de Michael Ballack. Mesmo com a derrota e o quarto lugar na competição, os sul-coreanos tinham motivos para comemorar. A campanha foi histórica e representou um divisor de águas no futebol local.
Antes da Copa de 2002, a seleção sul-coreana havia participado de 14 jogos em Copas do Mundo, com dez derrotas, quatro empates e nenhuma vitória. Com esse retrospecto, o temor era de que a Coreia do Sul tivesse a desonra de ser o primeiro país-sede eliminado ainda na fase de grupos da competição. Mas, a equipe comandada pelo holandês Guus Hiddink surpreendeu, derrotando Polônia, Portugal, Itália e Espanha para alcançar as semifinais.
A evolução corena se confirmou nos torneios seguintes. Na Copa de 2006, a equipe foi eliminada na primeira fase, mas conseguiu uma vitória e um empate contra a seleção francesa, futura vice-campeã. Em 2010, os sul-coreanos avançaram até as oitavas de final e caíram em um jogo duríssimo contra o Uruguai.
Essa mudança de patamar dos Guerreiros trouxe uma nova expectativa sobre os resultados. A classificação para a Copa no Brasil não foi fácil e a equipe sofreu com um grupo de novos jogadores. A vaga veio apenas na última rodada, com uma derrota em casa para o Irã, por 1x0. O time terminou empatado em pontos com a seleção do Uzbequistão, mas levou vantagem sobre os uzbeques no saldo de gols.
A dificuldade nas eliminatórias levou o então técnico Choi Kang-Hee a assumir a responsabilidade pela campanha insatisfatória. Ele pediu demissão e em seu lugar assumiu Hong Myung-Bo, ex-zagueiro da seleção, com participação em quatro Copas do Mundo. Myung-Bo foi o capitão dos Guerreiros na histórica campanha de 2002, quando foi eleito o terceiro melhor jogador do torneio e é o atleta que mais vezes vestiu a camisa sul-coreana.
O novo técnico se viu diante de um grande desafio. “Eu gostaria de construir um estilo sul-coreano de táticas e jogadas para competir na Copa do Mundo. Nós não somos a Espanha ou a Alemanha. Existem estilos certos de futebol para eles, mas eu irei me preparar para a Copa com algo que nossos jogadores possam fazer de melhor”, afirmou. “Eu não vou apenas escolher os melhores jogadores para formar um time, mas eu vou formar o melhor time com os jogadores que nós precisamos”, concluiu.
No Brasil os asiáticos chegam para confirmar sua ascensão e com o lema “um time, um espírito, um objetivo”, definido por seu treinador. Esta será a oitava participação consecutiva da Coreia do Sul em Copas do Mundo, uma marca expressiva que atualmente só é superada por Brasil, Argentina, Itália, Alemanha e Espanha, seleções que já foram campeãs.
Os principais nomes do time são o meia Koo Ja-Cheol do Mainz 05 da Alemanha, e os meio-campistas Ki Sung-Yueng e Lee Chung-Yong, que atuam no futebol inglês. A grande aposta sul-coreana é o atacante Son Heung-Min, de 21 anos, que atua no Bayer Leverkusen da Alemanha e é um dos artilheiros da equipe.
Esse jeito próprio de jogar, a evolução coreana e a filosofia própria aplicada por Hong Myung-Bo vão ser testadas a partir do dia 17 de junho de 2014. Nesta data, a seleção sul-coreana estreia na Copa do Mundo, enfrentando a Rússia na Arena Pantanal. Se tudo der certo, os coreanos vão fazer um jogo equilibrado e, quem sabe, tentar fazer história novamente.
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