Maior produtor de grãos e detentor do maior rebanho bovino do país, Mato Grosso gerou R$ 71,417 bilhões com a produção de bens e serviços em 2011. Em 11 anos, a soma das riquezas produzidas no território mato-grossense aumentou 337%, sendo impactada fortemente pela agropecuária. O resultado permitiu que o Estado elevasse a participação no Produto Interno Bruto (PIB) do Centro-Oeste de 14% para 18% no período. No contexto nacional, Mato Grosso responde por 1,72% do PIB brasileiro, atualmente em R$ 4,3 trilhões. No começo da última década, essa participação era de 1,25%.
O desempenho é significativo, na opinião do economista João Eduardo de Resende, mas poderia ser melhor se a produção industrial fosse mais intensa, completa o economista Renato Gorski. “No entanto, um processo de industrialização pode levar de 8 a 15 anos para o Estado alçar um outro patamar”, pondera Gorski. Ele R egistra que o setor agropecuário vem se consolidando há 3 décadas como principal atividade econômica de Mato Grosso, que se mantém como um grande exportador de commodities agrícolas in natura. O desenvolvimento econômico virá com um nível mais elevado de industrialização e, consequentemente, com o aumento da geração de emprego e renda, opina. “Enquanto o Estado for apenas um grande exportador de grãos, a renda per capita tende a permanecer mais concentrada”.
Para Resende, os investimentos na logística de transporte também são fundamentais para colocar Mato Grosso em outro patamar de crescimento econômico. “Com uma saída para o Oceano Pacífico, por exemplo, todos os setores produtivos seriam beneficiados, já que seria possível comprar menos e vender mais, refletindo no Valor Adicionado Bruto (VAB) e no PIB”. Outra alternativa defendida por ele é a transferência da Capital para a região central do Estado. A medida eliminaria os debates para divisão do território estadual e fomentaria os investimentos numa das principais regiões produtoras de Mato Grosso, o médio-norte. “Haveria um crescimento assustador, com aumento da demanda por produtos e serviços e geração de emprego”.
MUNICÍPIOS - Cuiabá, Rondonópolis, Várzea Grande, Sorriso e Primavera do Leste se destacaram como as cidades com maior PIB em 2011, segundo o IBGE, ao concentrarem 38,9% da riqueza total produzida no Estado. Cuiabá teve a maior participação estadual, com R$ 12,406 bilhões, mas Primavera do Leste (R$ 4,101 bilhões) e Sorriso (R$ 2,934 bilhões) registraram a maior evolução no PIB na última década, com alta respectiva de 415% e 412%. De acordo com o economista João Eduardo de Resende, os municípios com maior crescimento no PIB são aqueles com forte atividade agropecuária, ligados à produção de grãos ou fibras. “O ideal seria que todos os municípios crescessem no mesmo ritmo, porque teríamos uma distribuição igualitária”.
PARTICIPAÇÃO DAS ATIVIDADES - Em Mato Grosso, o setor agrícola responde atualmente por 24,12% do Valor Adicionado Bruto (VAB), sendo superior à média do Centro-Oeste (10,4%) e do país (5,6%), observa o economista Renato Gorski. Em 2011, o VAB agropecuário atingiu R$ 15,498 bilhões, num avanço de 312% sobre 2001 (R$ 3,756 bilhões). Na indústria, o VAB a preços correntes somou R$ 11,920 bilhões em 2011, alta de 375% em 11 anos. Nesse intervalo, a participação da indústria no VAB total ascendeu de 17,37% para 18,56%. “As indústrias mato-grossenses vendem uma significativa parte de sua produção para outros estados e países, como é o caso dos frigoríficos”, registra Gorski. No setor de serviços, incluindo seguridade social, administração e saúde pública, o VAB alcançou R$ 36,825 bilhões em 2011 no Estado, num avanço de 350% sobre os R$ 8,180 bilhões do início da década.
Segundo Gorski, para entender melhor a economia de Mato Grosso é preciso analisar diversas variáveis, para compreender também se houve ganhos reais. “Para isso, é importante verificar os indicadores de educação, saúde, saneamento, segurança e poder aquisitivo na década, descontando a inflação, caso contrário, se olharmos apenas o montante nominal do PIB podemos estar criando uma miragem”. Com esse objetivo, ele faz alguns comparativos: Entre 2001 e 2010, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, acumulou 89,84%.
Na média, a inflação anual nos últimos 10 anos foi de cerca de 6,65%, pontua o economista. A maior inflação foi registrada em 2002, quando chegou a 12,53%. Já o menor índice da década (3,14%) foi observado em 2006. “Com um crescimento de PIB de 337% menos 95% de inflação já teríamos um crescimento real de 242%. Os impostos apresentaram crescimento de 285% no mesmo período, menos cerca de 95% de inflação, ficariam 190%, um percentual extremamente aceitável em uma década”.
Para finalizar, Renato Gorski observa que pelo fato do PIB de Mato Grosso ter uma participação no PIB brasileiro de 1,7%, a sua base (montante geral) é pequena e tende a crescer mais que o PIB nacional, “sempre 30% a mais que a média do país”.
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