GUILHERME BLATT
Redação/Secom-MT
A Rússia é uma das maiores potências esportivas do planeta. Desde os tempos em que o país fazia parte da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), os russos se destacam nas mais variadas modalidades esportivas. São 15 títulos mundiais de vôlei, nove de basquete, dez no handebol, 24 medalhas de ouro nos últimos Jogos Olímpicos em Londres, mais do que o Brasil conquistou em todas as edições das Olimpíadas. Só há uma modalidade na qual os russos nunca alcançaram o topo do mundo: o futebol.
Isso não acontece porque os russos não ligam tanto para o futebol, como acontece com os Estados Unidos, outra potência esportiva sem títulos expressivos na modalidade. O esporte praticado com os pés é bastante popular no país e oportunidades não faltaram para o triunfo. Os russos estiveram presentes em nove Copas, sendo duas como Rússia, depois da fragmentação da URSS. Aqui é bom ressaltar que a Fifa reconhece os russos como herdeiros dos resultados esportivos obtidos pelos soviéticos.
A União Soviética sempre teve times fortes, que conseguiram boas campanhas nas Copas do Mundo. Não era fácil passar pelos bons goleiros russos, como Lev Yashin e Rinat Dasayev, dois dos melhores da história. A melhor campanha soviética ocorreu na Copa de 1966, na Inglaterra, quando o país terminou na quarta colocação. Em sete participações em Copas do Mundo, em apenas uma não passou da primeira fase. Foi em 1990, última participação da URSS antes de ser desmembrada.
A maior glória futebolística do país foi o título europeu em 1960, na primeira edição da Eurocopa, e duas medalhas de ouro olímpicas, conquistadas em 1956 e 1988. Naquela época, apenas atletas amadores podiam disputar o torneio olímpico de futebol, o que garantiu uma grande vantagem para os países socialistas, que dominaram a disputa.
Competindo sozinha, a equipe russa não conseguiu fazer grandes campanhas. Em suas duas únicas participações, nos Estados Unidos em 1994 e na Coreia do Sul e Japão em 2002, o país foi eliminado logo na primeira fase. Aliás, se vale a superstição para os brasileiros, nessas duas oportunidades o Brasil foi campeão. Em 1994, o único destaque russo foi o atacante Oleg Salenko, que marcou cinco gols na partida contra Camarões, recorde da história da Copa, e terminou a competição como artilheiro, com seis gols marcados.
O grande momento russo ocorreu na Eurocopa de 2008, quando o país conseguiu chegar até a semifinal, após eliminar a Holanda em uma grande atuação do atacante Andrey Arshavin. O resultado veio embalado pelas boas campanhas das equipes russas nas competições europeias, como o título do Zenit São Petersburgo, time de Arshavin, na Copa da Uefa de 2008. No entanto, a seleção acabou não se classificando para a Copa de 2010, sendo eliminada na repescagem pela surpreendente Eslovênia.
Na campanha das últimas eliminatórias, a seleção russa passou por uma pequena reformulação. Arshavin se despediu da equipe e abriu espaço para o jovem atacante Alan Dzagoev, de 23 anos, que herdou a camisa 10 da seleção. Outro destaque da equipe de 2008, Roman Pavlyuchenko também se despediu. A nova equipe surpreendeu e liderou o grupo F, ficando a frente da seleção portuguesa, do melhor do mundo, Cristiano Ronaldo.
Entre os destaques da equipe estão o goleiro Igor Akinfeev, de 27 anos e titular da seleção desde os 18 anos e o atacante Aleksandr Kerzhakov, artilheiro da equipe nas eliminatórias. Os 23 jogadores convocados pelo técnico Fabio Capello atuam no futebol russo. É a única seleção do torneio em que todos seus jogadores atuam no próprio país.
Fabio Capello assumiu a seleção russa em 2012 com um objetivo principal: preparar a equipe para a Copa de 2018, quando o país irá sediar a competição. De certa forma, é possível dizer que no Brasil, os russos estarão se preparando para um objetivo maior que é fazer bonito jogando nos seus domínios e, quem sabe, alcançar o topo do mundo diante de sua fanática torcida em Moscou. Capello tem predicados para tanto. É um dos técnicos mais vitoriosos dos últimos anos, conquistando títulos por equipes como Milan, Roma e Real Madrid.
O sucesso da Rússia no esporte pode ser comparado ao tamanho do seu território. São mais de 17 milhões quadrados, o dobro do também enorme Brasil. A Rússia também é um dos países mais frios do mundo e boa parte do seu território é coberto por gelo e o inverno do país chega a marcar temperaturas de 71° negativos.
Diante dessa marca, muita gente se assustou quando os russos foram sorteados para jogar contra a Coreia do Sul na Arena Pantanal, em Cuiabá, na estreia de ambas as equipes no dia 17 de junho. Ao contrário da Rússia, Cuiabá é famosa por ser extremamente quente. No entanto, em junho os russos estão no verão, enquanto que Cuiabá passa por seus dias de inverno. Incrivelmente, durante esse mês a temperatura máxima média em Moscou e em Cuiabá e de 31°. Ou seja, a mesma temperatura que os russos vão enfrentar em 2018, em casa. Para quem quer voar longe na próxima Copa, nada melhor do que já ir se acostumando com o clima.
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