Por Silvia Devaux
Meneguini/Secom-MT
Antonio Carlos trabalha na Obra da Copa na Trigo Loureiro em Cuiabá-MTO pedreiro Antônio Carlos Rodrigues Silva, ou Carlão como é mais conhecido, há 14 anos é mais um trabalhador itinerante pelo país. Desde 2013 ele é um dos muitos operários de outros estados que vivem longe da família dando seu suor pelas obras da Copa do Mundo na capital mato-grossense. Já passou por Manaus, Acre, interior de Pernambuco e por pouco não atuou no Haiti. Em Cuiabá ele viveu num alojamento para 200 operários e ajudou a erguer os viadutos da UFMT, da Sefaz e da MT-040.
A decisão de “ganhar o mundo” Carlão diz que tomou ainda criança, aos 12 anos, quando fantasiava um mundo de sonhos e não imaginava como o estudo lhe faria falta no futuro. “Andar no mundo sozinho é um passo para cair nas perdições e nos vícios. Oportunidade a rua oferece, e eu tive muitas, mas também tive uma cabeça boa e consegui resistir”, comentou o pedreiro de 42 anos, de Teresina (PI).
Um dos 11 filhos da então doméstica Marli, Carlão não se arrepende de ter fugido de casa e ter sobrevivido aos perigos da rua, mas procura orientar os mais jovens a não abandonarem os estudos e a se manterem sempre perto da família. Esse é o exemplo que quer para as filhas Caline, 15, e Caroline, 10. É pelas filhas e pela mulher, a secretária escolar Graziela Martins, que trocou a pequena oficina de motos, que tinha há 25 anos e só lhe dava prejuízos, pela carteira assinada mesmo que temporariamente.
“A saudade é o que mais dói”, disse com os olhos marejados ao revelar que o esforço compensa. Com o salário do ano passado ele terminou a reforma da casa, que também conseguiu comprar graças ao serviço de pedreiro.
Meneguini/Secom-MT
Antonio Carlos trabalha na Obra da Copa na Trigo Loureiro em Cuiabá-MTPor meio de tanta dedicação ao trabalho Carlão pretende dar bons exemplos às filhas, mas também quer que valorizem os estudos. “O estudo é tudo, é o principal”, defende o pedreiro que não conseguiu concluir nem o ensino básico e, por isso, faz o possível para que Caline e Caroline cheguem além. Graziela dá todo o apoio e compreende as ausências temporárias do marido.
“Quem trabalha no trecho, parece que vicia. Se fico em casa muito tempo fico doido para voltar”, revelou contando que pretende seguir nessa vida só mais cinco anos. Depois, disse que vai “aposentar a botina”.
De Mato Grosso, Carlão levou as amizades e a recordação das boas conversas, das confraternizações, dos fins de semana desse período em que esteve por aqui.
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