Silvana Bazani, repórter de A Gazeta
O governo federal prevê realizar o 1º leilão de energia de reserva com a inclusão de geradores por fonte solar em outubro. Em Mato Grosso, esse sistema de geração começa a ser implantado e a 1ª usina deverá ofertar energia comercialmente no próximo ano. A produção estimada é de 5 megawatts-hora (MWh) num projeto orçado em R$ 50 milhões e que está sendo desenvolvido em Cuiabá, por um grupo que mantém operações nos segmentos de pecuária, energia e reflorestamento, nos estados de Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais, em parceria com uma empresa europeia, detentora da tecnologia. A parceria foi formalizada nesta quinta-feira (24), na Capital.
Como lembra o doutor em Planejamento de Sistemas Energéticos e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Ivo Leandro Dorileo, a geração de energia por essa matriz energética no Estado e no país como um todo ainda não avançou pela falta de incentivo do governo, que tem priorizado outras fontes de geração, como a hidrelétrica, passando pela eólica e biomassa, como ficou evidente no último leilão A-3/2014 realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Quando comparado com o custo de geração de outras fontes, os empreendimentos por fonte solar ainda são menos competitivos. Mas, aos poucos a Aneel tem tentado eliminar as barreiras para a geração solar e organizar esse mercado ainda pouco explorado no Brasil, onde o potencial para geração tanto pela matriz solar quanto eólica é amplo, como registra o engenheiro e sócio da empresa europeia, Fernando Vilela. “A política no Brasil visa baixar o preço da energia e como a geração eólica tem um custo menor, ganhou mais espaço nos últimos leilões, mas com o acionamento das termoelétricas, o custo da tarifa será maior em 2015”.
Sobre a escolha de Mato Grosso para o investimento, Vilela diz que além de já manter relações comerciais no Estado, a região possui um potencial de consumo crescente. Para ilustrar, ele diz que no Brasil o volume de energia consumida ainda é baixo, comparado com outros países, e por isso há uma tendência de elevação no consumo com a incorporação de mais equipamentos elétricos nas residências e empresas. Nos Estados Unidos, por exemplo, são demandados 14 mil quilowatts-hora (kWh) por ano, enquanto a média brasileira anual de consumo equivale a 2,4 mil kWh.
Outro ponto observado por ele é que com o aperfeiçoamento da tecnologia para geração de energia solar na Europa, os investidores brasileiros conseguem reduzir o custo do investimento local. “Mato Grosso possui duas variáveis excepcionais para geração solar, que são o recurso em abundância e a capacidade de produção mais eficiente, por causa das condições climáticas”. No Estado, o pior cenário para geração por fonte solar ainda é melhor que no continente europeu, resume. Do ponto de vista da engenharia, o ponto de equilíbrio tecnológico na geração de energia é composto pela participação de 50% de fonte hidráulica, 30% eólica e 20% solar.
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