Desvalorização mensal da saca do milho passa de 41%, em Mato Grosso, e pressão sobre os preços já preocupa
MARIANNA PERES
Da Editoria
Em algumas praças mato-grossenses, a saca do milho acumula desvalorizações entre 30% e 41% no comparativo de preços que vigoravam no final de maio ante o fechamento de junho. De cerca de R$ 20,50, como foi cotada em maio em Sapezal e R$ 17,33, em Sorriso, o cereal fechou o mês passado em R$ 12 e R$ 11, respectivamente. A pressão sobre os preços é o reflexo da colheita, que atualmente cobre pouco mais de 10% da área plantada, mas que já provoca sustos nos produtores.
Se não bastasse a perda de valor, os custos da nova safra, para 2015, já se revelam superiores aos atuais, justamente em um momento em que a lucratividade da safra parece que não será das melhores. O tempo de vacas magras pode estar chegando.
Para os analistas do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o sinal vermelho em relação ao saldo do atual ciclo e dos prognósticos para o próximo, está aceso. “A colheita do milho 2014 está apenas começando, mas a projeção do custo de produção da próxima safra já preocupa. O custo de produção do milho de alta tecnologia está projetado em R$ 1.912,74 por hectares, 0,5% superior ao custo da safra atual. Apesar de o aumento ser pouco expressivo, o contexto aguardado para as cotações, internas e internacionais, da safra 2014/15 não é muito favorável. O produtor mato-grossense vem apresentando margem de lucro do milho negativa desde a safra 2012/13, com a lucratividade da fazenda sendo assegurada pela soja nas duas últimas safras, entretanto, na próxima safra a lucratividade com a soja pode não estar garantida. Caso a tendência de cenário pouco favorável tanto para a soja como para o milho não se altere, pode deixar a margem de lucro da safra 2014/15 comprometida”. Hoje, a maior preocupação está em uma possível insistência do mercado em pressionar a saca na medida em que a colheita avança, como é de se esperar.
Como medida para frear esta tendência, que num cenário mais pessimista pode levar à inviabilidade da renda do produtor e estancar a comercialização, a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT), encaminhou ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) um ofício relatando a preocupação do setor produtivo com estes preços e que a realidade local demanda a necessidade de acionar o programa de leilões do Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro). O prêmio é uma subvenção econômica concedida ao produtor rural e/ou sua cooperativa que se disponha a vender seu produto pela diferença entre o Preço Mínimo estabelecido pelo governo federal e o valor do Prêmio Equalizador arrematado em leilão, obedecida a legislação do ICMS vigente em cada Estado e escoá-lo.
Como defende a Associação, os preços em vigência no Estado, estão abaixo do mínimo estabelecido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que é de R$ 13,56. A Associação argumentou junto ao Mapa que a safra 2013/14 de milho em Mato Grosso está estimada em 16,4 milhões de toneladas e, destas, 12,23 milhões de toneladas ainda não foram comercializadas.
PRODUTIVIDADE - Com pouco mais de 10% da área colhida, de um total de 3 milhões de hectares cultivados, os trabalhos no campo seguem em ritmo inferior ao registrado até o final de junho do ano passado, o percentual registra um atraso de 3,5 pontos percentuais (p.p.). Conforme o Imea, um dos fatores que contribuiu para este atraso é a alta umidade dos grãos, em virtude das chuvas que se estenderam neste ano até junho. “Muitos produtores aguardam a redução da umidade dos grãos para darem um ritmo maior à colheita. Apesar de não apresentar o maior percentual colhido, a região médio norte se destaca com a maior área colhida do Estado, de 161 mil hectares. A produtividade ponderada pela área colhida encerrou junho com média de 93,8 sacas por hectares (sc/ha) no Estado, com as regiões nordeste e sudestes registrando as maiores produtividade, de 98,6 sc/ha.
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