“Foi se o tempo em que a gente brincava, banhava e ate lavava roupa no rio”, diz moradora da comunidade lamentando atual cenário do rio
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JOANICE DE DEUS
Da Reportagem
Ribeirinhos que nasceram e ainda moram na Comunidade de São Gonçalo, em Cuiabá, lembram com saudade da época em que podiam tomar um refrescante banho nas águas do Rio Cuiabá. Hoje, lamentam o fato de não poderem mais desfrutar das mesmas atividades recreativas que o rio proporcionava há cerca de 20 anos. A região do São Gonçalo está entre os quatro locais de recreação e banho utilizados pela população considerados impróprios pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).
“Foi se o tempo em que a gente brincava, banhava e até lavava roupa no rio. Até a praia onde costumávamos fazer apresentação de siriri sumiu com a operação das dragas”, lamentou a artesã Adair de Arruda Pereira, que nasceu na comunidade ribeirinha.
Mãe de quatro filhos e avó de quatro netos, Adair afirma que apenas os mais velhos tiveram a oportunidade de desfrutar das águas despoluídas do Cuiabá. “Até o córrego (São Gonçalo) a gente atravessava nadando. A água era limpa, cheia de peixe. Hoje, é puro esgoto”, citou. Antes de desaguar no Cuiabá, o córrego carrega para o rio todo lixo e esgoto “in natura” produzido por boa parte da população cuiabana. O mesmo ocorre com o Rio Coxipó, que também desemboca no Cuiabá.
Proprietário de restaurante, Mamedes Pereira dos Santos reside no São Gonçalo há 30 anos. Segundo ele, a comunidade é um ponto turístico bastante visitado, mas por conta da sua gastronomia. “Hoje, as pessoas vêm mais aqui para degustar os nossos pratos, que é a base de peixe e para conhecer o artesanato local. Hoje, ninguém mais utiliza o rio para tomar banho”, comentou.
Conforme Santos, até para pescar na região está difícil atualmente. “Aqui, o peixe praticamente sumiu. O pescado que servimos é praticamente de tanque e, o pintado, a gente compra no Mercado do Porto”, destacou. Apenas aos sábados e domingos, a comunidade recebe a visita de cerca de mil pessoas.
Para Santos, a situação em que atualmente se encontra o Rio Cuiabá é resultado da falta de investimento na área de saneamento básico. “A gente sabe que está impróprio para banho. O que precisa é construir uma lagoa de decantação para evitar que o esgoto caia sem tratamento no rio”, sugere.
BALNEABILIDADE
As coletas, chamadas de campanhas de balneabilidade, foram realizadas pela Sema no período de 23 a 27 de junho em cinco pontos e de 01 a 28 de julho em 15 pontos, num total de 20 locais analisados. Neste ano, foram classificadas como Impróprias à pratica de recreação e banho os locais de banho na comunidade de São Gonçalo, a região de Bom Sucesso, que fica em Várzea Grande, a praia de Santo Antônio e o Rio Paraguai, em Barra do Bugres.
“A constatação da presença de coliformes fecais, em um determinado local, acima dos limites estabelecidos pela legislação, pode estar associada aos lançamentos de esgoto sanitário ou fezes de animais, presença de micro-organismos patogênicos o que aumenta a possibilidade do banhista contrair alguma doença de veiculação hídrica como poliomielite, cólera, hepatite, febre tifóide, gastroenterite, doenças da pele e outras”, explicou o gerente de Laboratório e Ensaios, Sérgio Batista de Figueiredo, por meio da assessoria de imprensa.
Entre os 20 locais analisados e considerados próprios para banho estão a Praia do Pari e Coxipó Açu, em Cuiabá, a Passagem da Conceição, em Várzea Grande, a Praia das Embaúbas, em Rosário Oeste, a Praia da Arara, em Pontal do Araguaia e a Ponte de Ferro, na Comunidade do Coxipó do Ouro. Os demais locais e outras informações podem ser obtidas no portal da Sema (www.sema.mt.gov.br).
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