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10 de novembro de 2014

Apenas com visão periférica, artista cuiabano faz desenhos incríveis com diversas técnicas


Da Redação - Isabela Mercuri
Foto: Rogério Florentino Pereira / Olhar Direto
Apenas com visão periférica, artista cuiabano faz desenhos incríveis com diversas técnicas
Quando Leopoldo nasceu, o médico disse que ele seria cego. Durante a gravidez, sua mãe Márcia Coutinho teve toxoplasmose e o parto foi aos sete meses, para evitar maiores complicações ao bebê. Com cinco anos de idade, no entanto, o garoto surpreendeu ao começar a desenhar. “Quando eu vi o desenho, fiquei muito emocionada. Sempre que ele conseguia enxergar alguma coisa, era uma festa! Quando ele viu a lua, por exemplo, foi uma festa”, conta Márcia. 



O desenvolvimento de sua visão foi gradual, e por não possuir visão central, o garoto desenvolveu uma visão periférica. “O problema dele não tem cura. Não tem cirurgia, não tem como reverter. Mas ele achou um jeito de enxergar”, conta a mãe, que afirma ainda que os médicos ficam surpresos até por ele conseguir andar sem esbarrar nas coisas. 

Hoje em dia, com 21 anos, Leopoldo se inspira em artistas como o tatuador francês Xoil, o pintor espanhol Salvador Dalí e o mato-grossense Irigaray, que ele tem o sonho de conhecer. Os desenhos de criança, feitos com caneta esferográfica, foram aprimorados por meio de técnicas que ele pesquisou na internet e com um curso de desenho artístico que faz atualmente, com a artista plástica Margareth Brandão. 

Leopoldo começou o curso de arquitetura na UNIC, mas, segundo ele, “Não gosta de seguir regras”. Pretende estudar Design Gráfico a partir de 2015, mas o que tem vontade de fazer mesmo é o curso de Artes Visuais. “Eu queria ir pra Goiânia, São Paulo, Curitiba ou Rio, porque lá são os maiores focos de arte no Brasil”, conta, “Mas se pudesse escolher mesmo, queria ir pra Viena ou pra Suíça estudar arte”. 

Uma das dificuldades que tem para sair de Cuiabá é convencer sua mãe e sua avó a deixarem. Leopoldo quer ir sozinho, mas as duas têm preocupação. “Eu gosto da solidão. Acho o máximo poder ficar comigo mesmo e me conhecer”, disse. Sobre as limitações que sua deficiência lhe dão, ele comenta: “Nascer com o olho bugado não é uma coisa boa. Pode colocar isso na matéria, eu faço piada comigo mesmo!”. 

Outro objetivo de Leopoldo é abrir um estúdio de tatuagem. “Eu queria criar desenhos e tatuá-los. E gostaria de ser o primeiro tatuador sem nenhuma tatuagem no corpo”. Em seus projetos futuros, pretende usar uma técnica cubista para desenhar animais, com jogadas de cores em degradê. 

Leopoldo tem grandes projetos em mente, mas acredita que precisa aprimorar suas técnicas e estudar muito até chegar lá. “Aprimorar técnica não é uma coisa fácil. Mas eu vou tentar”. Por este motivo, ele ainda não vende seus desenhos. "Eu dou pra quem me pede. Não acho que sou bom o suficiente pra cobrar por eles ainda", conclui. 

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