Autor: Foto: Sucena Shkrada Resk / ICV
Fonte: Folha do Estado
Anotações, questionamentos, mapeamentos, tudo isso aliado ao exercício prático de utilizar a ferramenta de GPS pela primeira vez. Essa foi a experiência, entre os dias 3 e 5 de fevereiro, de 20 agricultoras e agricultores familiares das comunidMato Grossoades de Ouro Verde e de Santa Clara, no Projeto de Assentamento (PA) Nova Cotriguaçu, no município de Cotriguaçu (MT). O grupo participou da oficina de mapeamento participativo dos babaçuzais realizada pela equipe do Instituto Centro de Vida (ICV). O trabalho de campo foi dividido em três áreas, cedidas voluntariamente pelos proprietários para essa dinâmica, e os levantamentos e análises serão sistematizados, em uma segunda rodada de atividades, programada para março deste ano.
“O objetivo da capacitação é levantar as áreas potenciais e melhorar o manejo deste recurso nesta região amazônica, como também estudar o potencial econômico desse modelo de extrativismo e beneficiamento, que está sendo ampliado entre estes coletores”, esclareceu a educadora de práticas sustentáveis do ICV, Suzanne Scaglia. Atualmente, alguns agricultores já transformam o babaçu em farinha, óleo, pães, doces, ração animal, sabão e carvão, e estão recebendo assessoria técnica para organizar e melhorar a produção.
Segundo Vinícius de Freitas Silgueiro, analista de geotecnologias do ICV, o uso do GPS pode, ainda, subsidiar o planejamento do transporte dos babaçus, reduzindo custos e tempo no processo. “Também auxilia na avaliação de características, como a densidade das palmeiras em cada área, a necessidade de desbastar os exemplares mais velhos e favorecer a regeneração de novas palmeiras (chamadas de pindovas)”, explicou.
O babaçu é uma espécie resistente e encontrada em grande quantidade em áreas de transição entre a Amazônia, o cerrado e o semiárido nordestino. No segmento de produção extrativista vegetal brasileiro, atualmente é avaliada como uma das maiores fontes de renda no campo.
Para a agricultora familiar Maria Margarida de Oliveira Barbosa, 54 anos, da comunidade Santa Clara, que cedeu duas áreas de sua propriedade para as atividades, no último dia da oficina, adquirir esse conhecimento poderá favorecer a geração de renda das famílias. “Com essa demarcação quero acompanhar o crescimento dos pés de babaçu novos e conseguir aumentar a produção”, disse.
“Queremos aperfeiçoar as boas práticas de coleta e saber lidar com o manejo nos períodos chuvosos e de seca”, afirmou Ângela Ferreira de Jesus Oliveira, 42 anos, da comunidade Ouro Verde.
A ação está sendo realizada de forma integrada com dois projetos comunitários apoiados pelo Fundo Socioambiental CASA e pelo Programa dos Pequenos Projetos Ecossociais (PPP Ecos), com recursos do Fundo Amazônia/BNDES, para as associações fortalecerem as atividades de extrativismo do babaçu na região.
A iniciativa também integra as atividades do Projeto Noroeste: território sustentável, desenvolvido pelo ICV e parceiros, com apoio do Fundo Vale. O principal objetivo do projeto é fortalecer e consolidar o noroeste de Mato Grosso como um território florestal, por meio do incentivo e da disseminação de soluções produtivas sustentáveis e com boa governança social e ambiental.
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