Fonte: Redação
Foto: MT Econômico
A Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO) foi pauta de discussão em audiência pública ocorrida nesta terça-feira (16), na Assembleia Legislativa de Mato Grosso. Produtores rurais, prefeitos de vários municípios, representantes sociais e alguns deputados estaduais se reuniram para construir o avanço da ferrovia no estado.
Em setembro do ano passado o governo de Mato Grosso assinou um memorando oficializando uma parceria com a China para a construção do modal de transporte no estado. O investimento previsto será R$ 20 bilhões e deve fomentar o desenvolvimento de vários municípios por onde os trilhos passarem.
Mato Grosso possui três grandes projetos de logística em andamento, a Norte-Sul, a FICO e a Ferrogrão. A FICO deve cortar o país de leste a oeste em todo sentido, aproximando o Atlântico do Pacífico. O trecho começa em Uruaçu (GO) e passa por cidades de Mato Grosso como Água Boa, Paranatinga, Santiago do Norte e Lucas do Rio Verde. O traçado no estado é em torno de 1.000 Km.
“O projeto executivo está pronto. Os produtores rurais e as autoridades dos municípios da região que deve passar os trilhos estão empenhados para unir forças e tirar o projeto do papel”, disse o representante dos produtores, Odir José Nicolodi (Caçula) de Santiago do Norte, que também é presidente do movimento Pró BR-242, um importante corredor de escoamento rodoviário de grãos no estado, que está sendo criado como alternativa para o agronegócio se conectar com os portos do Norte como Miritituba (PA) e Itaqui (MA).
Porém o desenvolvimento tem que ocorrer de maneira sustentável, minimizando os impactos no meio ambiente e as comunidades indígenas por onde deve passar a ferrovia. É o que defende a Promotora de Justiça Solange Linhares, da Comarca de Paranatinga. “São várias etnias indígenas em Mato Grosso e a comunidade do Xingu deve ser afetada. É preciso que conste no planejamento como mitigar os impactos do componente indígena”, disse a Promotora.
“O estado de Mato Grosso não precisa de uma ferrovia, mas sim de uma malha ferroviária que siga em todas as direções. Em países desenvolvidos existem os três modais, ferrovia, hidrovia e rodovia. Nosso estado também precisa avançar nisso. É preciso vontade política e integração das entidades, independente de partido político”, disse Francisco Vuolo, defensor da ferrovia como alternativa de desenvolvimento no estado.
O projeto da ferrovia FICO foi afetado após denúncias em 2016, contra a Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., responsável pelo empreendimento, no suposto desvio de recursos de R$ 23,1 milhões em um dos contratos da ferrovia Norte-Sul de Goiás (inaugurada em 2014). A partir de então, o projeto da FICO “esfriou”.
Porém o interesse dos chineses, o provável engajamento dos deputados estaduais, da bancada federal de Mato Grosso e representantes do setor produtivo, logístico e entidades do agronegócio do estado querem retomar esse assunto e já estão construindo agenda no governo federal para avançar este importante projeto de ferrovia, que deve transportar mais de 27 milhões de toneladas de grãos no estado e desafogar as rodovias, ganhando mais competitividade no mercado. O Mato Grosso Econômico está acompanhando e vai trazer novidades sobre o andamento deste projeto.
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