Foto: Reprodução
Um suposto vazamento em uma barragem, da região de Poconé (102 quilômetros de Cuiabá), estaria atingindo o rio Bento Gomes e deixando-o com uma ‘coloração estranha’. A denúncia partiu de moradores da região, no dia 22 de janeiro deste ano. Análises preliminares não apontaram problemas nas mineradoras, mas um estudo aprofundado ainda será realizado, com auxílio de profissionais da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
Leia mais:
Grande Cuiabá tem barragem classificada como de alto risco; em MT são 14
Segundo a denúncia, por quilômetros as águas do rio aparentavam estar dominadas por cor de lama ou loléia (termo como é conhecido na região), possivelmente, oriunda de alguma empresa de mineração localizada em suas proximidades.
Na última quarta-feira (23), a equipe da Secretaria de Meio Ambiente esteve realizando um sobrevoo por toda extensão do rio, onde foi constatada, de fato, a alteração de sua coloração, porém, não foi possível detectar, visualmente, a origem do ponto de descarga do material causador dessa anormalidade.
O município solicitou junto às equipes fiscalizadoras da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema-MT) que realizassem vistorias “in loco” nos empreendimentos minerários que se encontram instalados nas proximidades do rio Bento Gomes e, além disso, solicitou da empresa Águas de Poconé um laudo apresentando os resultados das análises brutas realizadas nas águas captadas do rio pelos últimos dias e também entrou em contato com uma especialista do Instituto Nacional de Áreas Úmidas (INAU).
Já na manhã de sexta-feira (25), fiscais da Sema, acompanhados por membros das secretarias municipais de Meio Ambiente das cidades de Poconé e Nossa Senhora do Livramento iniciaram as vistorias nas empresas mineradoras instaladas nas proximidades do rio Bento Gomes.
Durante as investigações, não foi possível constatar nenhuma anormalidade que justificasse os efeitos provocados nas águas do rio e, devido a isso, os trabalhos terão continuidade.
Na segunda-feira (28), a equipe da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Poconé se reuniu com profissionais da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e do Instituto Nacional de Áreas Úmidas (INAU) para discutir as metodologias a serem empregadas para uma coleta mais adequada de amostras que possam constatar as anormalidades visando o tratamento das águas, bem como, detectar e punir os causadores do possível crime ambiental.
O vice-presidente da Associação de Defesa do Pantanal (Adepan), André Turony, disse ao Olhar Direto que o caso necessita de atenção das autoridades. "Verificamos, durante um sobrevoo, que existia uma mancha muito grande no rio. Não conseguiram localizar, de forma aérea, de onde vinha o vazamento. Por isto nós estamos cobrando uma inspeção profunda".
"Este rio é responsável por irrigar toda esta região do Pantanal, é nosso principal rio, tirando o Cuiabá. Tem muito lugar sujo. Existem três garimpos nesta região e essa água, se estiver vindo de lá, estará com muitos rejeitos, isso assoreia o rio, contamina, é algo que pode acabar com nosso Pantanal", acrescentou André Turony.
O Rio Bento Gomes nasce na região do Morro Grande, nas encostas da Serra Descida do Buriti, no município de Nossa Senhora do Livramento, e percorre grande parte de seu território na cidade de Poconé até jogar suas águas oxigenadas por ribeirões e corixos no Pantanal de Mato Grosso.
Barragem de alto risco
Mato Grosso possui 31 barragens de mineração, sendo que 14 delas têm potencial de médio risco e uma delas é classificada como de alto risco. Os dados constam no relatório mais recente publicado em janeiro deste ano, pela Agência Nacional de Mineração (ANM), sobre situações das barragens de minério em todo país.
A barragem BR Ismael está localizada em Poconé (a 102 quilômetros de Cuiabá), e tem como proprietário Ismael Ledovino de Arruda. Ela está classificada em situação de alto risco e possui 450 mil m³ e 14 m², que comportam areia. Além disso, possui dano médio de risco associado. No mesmo município, outras barragens possuem médio risco de dano potencial.
Rejeitos de usina
Conhecido como um dos principais pontos turísticos mato-grossenses, o Rio Tenente Amaral, em Jaciara (a 143 quilômetros de Cuiabá), sofreu com água escura e mau-cheiro, em julho do ano passado, em decorrência de um erro operacional de uma usina, que soltou resíduos de cana-de-açúcar no rio. A poluição causou a morte de peixes e também impediu a entrada de banhistas.
De acordo com o município, uma equipe do Meio Ambiente constatou que houve um erro operacional de uma usina, em uma das lagoas de contenção da vinhaça (resíduo originário da cana-de-açúcar).
A mesma foi rompida durante o trabalho de manutenção e adequação, onde o braço hidráulico da máquina retroescavadeira fez com que rompesse uma das paredes laterais da represa, ocasionando o escoamento de efluentes da vinhaça em direção ao rio. Uma equipe de manutenção realizou a finalização da recuperação total da lagoa de contenção dos resíduos de vinhaça, onde houve a poluição.
O órgão Ambiental Municipal tomou as providências cabíveis conforme legislação vigente e emitiu o auto de infração ambiental.
Nenhum comentário:
Postar um comentário