Escuridão altera o comportamento do inseto de uma maneira que os cientistas não imaginavam
Redação Galileu
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Abelha-europeia (Apis mellifera), uma das mais comuns nesta pesquisa (Foto: Richard Bartz, Munich Makro Freak & Beemaster Hubert Seibring/Wikimedia Commons)
Durante um eclipse solar total, as abelhas param de voar e ficam completamente em silêncio, segundo nova pesquisa da Universidade do Missouri, nos Estados Unidos. Mais de 400 cientistas analisaram o comportamento do inseto no eclipse solar total de 21 de agosto de 2017, visível na América do Norte.
Foram instaladas 16 estações de monitoramento acústico nos estados de Oregon, Idaho e Missouri, usadas para ouvir e registrar qualquer zumbido de abelhas. O sistema, recentemente testado em campo pela bióloga Candace Galen, para registrar a atividade de polinização através da escuta de sons do inseto, consistia em pequenos microfones USB.
Estes foram pendurados em áreas afastadas do tráfego de pedestres, com altos níveis de atividade de polinização por abelhas, ao lado de sensores de luz e de temperatura em alguns locais.
"Parecia o ajuste perfeito", disse Galen. "Os minúsculos microfones e sensores de temperatura puderam ser colocados perto de flores horas antes do eclipse."
Quando o fenômeno acabou, os aparelhos foram devolvidos ao laboratório de Galen, onde os dados dos zumbidos coincidiam com o tempo do eclipse. Embora não houvesse maneira de saber quais espécies de abelhas estavam zumbindo, as mais comuns nas áreas eram zangões do gênero Bombus e abelhas-europeias (Apis mellifera).
"Nós antecipamos, com base em alguns relatos na literatura, que a atividade das abelhas diminuiria conforme a luz caísse durante o eclipse e atingisse o mínimo da sua totalidade", afirmou Galen. "Mas não esperávamos que a mudança fosse tão abrupta, que as abelhas continuassem voando até a totalidade e então parassem completamente. Isso nos surpreendeu."
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Em todos os 16 locais, apenas um zumbido de abelha foi registrado durante a totalidade do eclipse. As abelhas voaram por mais tempo, o que Galen interpretou como uma velocidade de vôo mais lenta. É uma explicação provável, visto que este inseto tende a voar mais devagar ao anoitecer enquanto retorna à colmeia.
De acordo com o portal Science Alert, o estudo, publicado na revista Annals of the Entomological Society of America, também diz algo novo sobre a maneira como as abelhas operam.
"O eclipse nos deu a oportunidade de perguntar se o novo contexto ambiental, meio céu aberto, alteraria a resposta comportamental das abelhas à pouca luz", falou Galen. "Como descobrimos, a escuridão completa provoca o mesmo comportamento nas abelhas, independentemente do tempo ou do contexto. E essa é uma nova informação sobre a cognição delas."
O próximo eclipse solar total na América do Norte vai ocorrer em 8 de abril de 2024. Até lá, a pesquisadora Galen espera ter aperfeiçoado seu sistema de áudio para que possa distinguir entre os tipos de voos de abelhas: se estão voando para forragens ou voltando para casa. A intenção é determinar se as abelhas realmente vão para a colméia antes de um eclipse.
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