Espaço com circuito cultural valoriza o estilo de vida típico dos moradores de áreas rurais
Por Sara Schuabb
Ecomuseu propicia vivências da cultura e cotidiano da roça | Divulgação/Cláudio Paolino (Ecomuseu Rural de Barra Alegre)
Que tal conhecer um moinho d’água usado para a produção de fubá, um forno à lenha que assa broas de milho, experimentar doces de compota, conhecer remédios caseiros feitos com ervas da floresta e ainda poder ouvir histórias de mestres da tradição oral de fazendas antigas? O Ecomuseu Rural, situado no Vilarejo de Santo Antônio, no Distrito de Barra Alegre, em Bom Jardim, cujo acesso também pode ser feito por São Pedro da Serra, em Nova Friburgo, realiza, há dez anos, um trabalho de valorização do patrimônio da vida rural e também oferece circuitos turísticos para aqueles que buscam adentrar no cotidiano de quem vive na roça.
De acordo com a psicóloga e mestre em Educação Marjorie Botelho, que coordena o equipamento cultural junto ao seu marido, o fotógrafo Cláudio Paolino, nesses territórios rurais há pessoas que trazem consigo conhecimentos adquiridos através da oralidade, ou seja, que aprenderam com seus pais, que haviam aprendido com seus avôs e assim sucessivamente, que precisam ser valorizados em decorrência dos processos de produção cada vez mais automatizado.
“Os mais antigos dizem que broa boa é somente quando o fubá vem dos moinhos d´água, pois o atrito do milho com a moenda é que faz o gosto do verdadeiro fubá. Mas o que se percebe é o desaparecimento dessas “engenhocas” pela facilidade que temos em comprar tudo nos supermercados.”, diz Marjorie.
Marjorie Botelho conta que há cerca de dois anos estão atuando com roteiros de turismo rural. “Atualmente, além de nossos circuito local, que abrange Nova Friburgo, Bom Jardim e Trajano de Moraes – também participamos do circuito de agroturismo Altos da Serra Mar, que envolve 38 propriedades, de Mury a Barra Alegre, e do circuito nacional de Pontos de Cultura e Memórias Rurais, que é uma rede composta por 30 iniciativas do norte ao sul do país.”, conta.
Ecomuseu também funciona como espaço de intercâmbio cultural | Divulgação/Leandro Anton (Ecomuseu Rural de Barra Alegre)
O Ecomuseu também atua na criação de roteiros pedagógicos, desenvolvidos com o apoio de grupos universitários que permitem que estudantes e integrantes de grupos de agroecologia possam viver o cotidiano presente nos territórios rurais.
Maria Rosangela de Oliveira Santos, que mora em São Pedro da Serra e é agricultora do Vilarejo de Santo Antônio, em Barra Alegre, conta que o Ecomuseu foi importante para divulgação de sua produção orgânica. “Não conseguia vender minhas verduras e legumes, por serem pequenos e estranhos, justamente por não terem agrotóxico. Agora, estamos vendendo em São Pedro. O Ecomuseu tem sido importante para divulgar nosso trabalho. Participamos de um livro e agora as vendas estão melhores, antes perdíamos muita mercadoria”, conta.
O Ecomuseu Rural de Barra Alegre foi reconhecido como ponto de memória pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram/MinC), em 2010, por meio de um edital de apoio a iniciativas comunitárias de memória. O espaço dispõe de acervo de fotografias, vídeos e objetos sobre os saberes e fazeres rurais e dispõe de uma Biblioteca chamada Conceição Knupp Amaral, que é uma homenagem à mulher do campo; o Galpão de Artes Mafort, homenagem à família que ajudou o casal a construir o equipamento cultural; e a Biblioteca de Artes Visuais Armando de Barros, uma homenagem ao professor doutor Armando de Barros, da Universidade Federal Fluminense (UFF), que contribuiu com o olhar do casal sobre as artes visuais. E ainda oferece oficinas de educação patrimonial para as escolas da região, incluindo Bom Jardim e Trajano de Moraes, em que os alunos aprendem questões conceituais e técnicas de audiovisual sobre como registrar sua comunidade.
Além disso, também funciona como ponto de intercâmbio cultural, onde acontecem oficinas com artistas e agentes culturais de todo o país, oferecendo à população local oficinas de artesanatos, teatro, fotografia, propiciando, também, espaço para debates sobre questões políticas que envolvem a população do campo.
“Também estamos fortalecendo o turismo rural, voltado para o turista que vem para São Pedro e Lumiar, não apenas para aventuras e natureza, mas para se aprofundar na realidade e história da região.”, conta Marjorie.
Para conhecer o Ecomuseu, é preciso entrar em contato pelo número (22) 99926-1322 ou pelo e-mail: sobradocultural@gmail.com.
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