Na Amazônia mato-grossense, pecuária e agricultura dialogam com o turismo verde
Redação
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Por Josana Salles
Especial para o LIVRE
As estatísticas ainda não são oficiais, mas conforme informações de empresários e gestores municipais do setor de turismo dos municípios no entorno de Alta Floresta, cerca de 30 mil turistas visitam a região todos os anos.
Nos rios Teles Pires, São Benedito e Juruena as sete maiores pousadas de pesca esportiva em Alta Floresta recebem uma média de mais de 7 mil turistas nacionais e internacionais e geram em torno de R$ 28 milhões por ano.
Ao lado do turismo de observação de aves, primatas e borboletas, a Amazônia mato-grossense já é um destino internacional de ecoturismo consolidado gerando renda e negócios lado a lado com a pecuária e o agronegócio.
O setor turístico se tornou um braço forte da economia local de Alta Floresta, que desde a década de 70 passou pela fase do ouro, da madeira e se consolidou na pecuária e na agricultura familiar.
Nos últimos anos tem recebido investimentos com o plantio da soja.
Com muitas críticas e embates, os projetos de conservação da floresta Amazônica e a criação de unidades de conservação estaduais, federais e particulares como o parque Estadual do Cristalino e o Parque Nacional do Juruena contribuíram para o crescimento da economia verde, beneficiando pequenos produtores, recuperando nascentes e alavancando o turismo.
Planejamento estratégico
Para a gerente de empreendedorismo do Sebrae de Mato Grosso, Marta Regina Torezam o segredo do sucesso é união, organização, planejamento do setor.
“Temos que unir a região, planejar as ações com os demais municípios juntos e sempre pensando nos benefícios para a população, em como envolver aqueles que têm potencial para agregar e tornar a viagem do turista uma experiência única”, explicou.
Empresários, guias de turismo, pesquisadores, gestores das secretarias municipais de turismo dos municípios de Apiacás, Nova Bandeirantes, Nova Monte Verde e Paranaíta e técnicos da Secretaria Adjunta de Turismo ligada a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso estiveram reunidos no I Seminário de Turismo da Amazônia Mato-grossense, realizado nos dias 06 e 07 de Julho em Alta Floresta.
Foram debatidos o crescimento dos setores da pesca esportiva, observação de aves, turismo rural, turismo de aventura, unidades de conservação, capacitação, Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur), Fundo Geral de Turismo (Fungetur) e o ecoturismo como gerador de desenvolvimento econômico local.
A excelência no turismo da região de Alta Floresta tem história e pioneirismo.
No final da década de 80, a filha do colonizador Ariosto da Riva, Vitória Da Riva, vivia em São Paulo e começou a participar de grupos de estudos sobre ecoturismo.
Como o pai, seu estilo empreendedor fez nascer o Cristalino Jungle Lodge, uma pousada pequena no meio da Amazônia, às margens do rio Cristalino. Criou cinco Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPN) que somadas a Ilha Ariosto Da Riva e demais áreas somam 12 mil hectares de floresta protegida.
Depois de 30 anos, Cristalino Lodge está na lista dos 25 melhores hotéis de selva do mundo. Oferece observação de aves, mamíferos, borboletas, canoagem, workshops de yoga e fotografia.
Recebe mais de mil turistas por ano e já recebeu cinco prêmios nacionais e internacionais.
Arara azul
Turistas e guia em torre de observação
“O que nos diferencia é uma somatória de fatores, dentre eles, a floresta intacta, a arquitetura em consonância com o ambiente da floresta, serviços altamente qualificados, além do atendimento dos colaboradores e dos guias locais, nacionais e bilíngues”, explica a empresária Vitória Da Riva.
Nos últimos anos, o fotógrafo Fernão Prado se juntou ao pai, proprietário da Fazenda Anacã e inovou unindo pecuária com observação de aves e turismo rural.
“Essas fazendas vizinhas não precisam fazer investimento nenhum, elas recebem simplesmente para permitir a entrada dos nossos grupos de turistas observadores de aves. Os fazendeiros estão gostando e não permitem mais caçarem animais nas fazendas e não cortam mais árvores onde as aves repousam ou se alimentam. Além disso, o turista ao fotografar as aves colabora com os estudos científicos e com a educação ambiental e isso é muito bom”, contou Fernão.
Outro projeto interessante da fazenda Anacã é a “Passarinhada” com a comunidade local, que ajuda as pessoas a entenderem o valor da fauna para o turismo.
Pesca Esportiva
Os rios da bacia amazônica mato-grossense: Teles Pires, Juruena, São Benedito, Azul e Apiacás são potencialmente piscosos e possuem inúmeras pousadas de pequeno e grande porte, todas ligadas a atividades de pesca e solte.
Geram mais de 300 emprego diretos co salários que giram entre R$ 2.500,00 a R$ 4,500,00.Os guias e barqueiros são cadastrados e treinados e boa parte da mão de obra é local.
Envolve serviços indiretos como: transporte aéreo, transporte terrestre, restaurantes, venda de artesanatos,barcos, material de pesca. “Estamos aprimorando as estatísticas e a capacitação junto a Capitania dos Portos da Marinha do Brasil mas podemos afirmar que em 2015 já geramos mas de R$28 milhões com a pesca esportiva”, conta o operador de Pesca Esportiva, Luciano Cortez Pereira.
Cadastur e Fungetur
O Cadastur e o cadastro dos prestadores de serviços turísticos, que tem o objetivo de reunir todos aqueles que estejam legalmente constituídos e em operação. É executado pelo Ministério do Turismo, em parceria com os órgãos oficiais de turismo das unidades da Federação.
Os benefícios são: visibilidade para o negócio, por meio dos sites www.cadastur.turismo.gov.br e www.viajelegal.turismo.gov.br; oportunidades de qualificação, por meio dos programas e projetos oferecidos por diversas áreas do MTur; acesso a linhas de crédito junto a bancos oficiais; classificação dos meios de hospedagem; oportunidades de negócios e acesso a mercados nacionais e internacionais; credibilidade de que a empresa está formalizada e que está operando de acordo com as leis brasileiras e informações e apoio por meio de um Ambiente de Negócios online restrito aos prestadores que estão com o cadastro regular.
Mas poucos hotéis e pousadas de Mato Grosso fazem o cadastro. Conforme dados da Secretaria Adjunta de Turismo, somente em Alta Floresta. De 18 hotéis existentes, apenas nove são cadastrados.
Para os empreendimentos que estavam no Cadastur, em 2018 tiveram acesso ao recurso do Fundo Geral de Turismo – Fungetur, no valor de R$ 2.407.676,25, com juros de 5% ao ano. Tem acesso ao fundo: Restaurantes, pousadas, hotéis, agências de viagens, transportadoras, congressos e feiras.
TCE realiza levantamento
Entender como funciona o Turismo em Mato Grosso – desde a captação de recursos até os projetos de desenvolvimento existentes para o setor a nível estadual e federal – é o objetivo de um Levantamento inédito que está sendo realizado pela Secex de Administração Municipal do Tribunal de Contas de Mato Grosso.
Mais adiante, a ideia é sugerir estratégias para fomentar a atividade nos municípios mato-grossenses, já que é consenso o enorme potencial turístico do Estado, em se tratando de natureza e biodiversidade.
Secretário da Secex de Administração Municipal do TCE-MT, Francisney Liberato explica que nesta fase do trabalho, a equipe técnica da Secex está colhendo informações em diversas fontes, como normatizações e estratégias contidas no Plano Nacional de Turismo e colocadas em prática pela Embratur. Também subsidiam a equipe as boas práticas desenvolvidas em municípios com forte apelo turístico.
“O que já foi percebido é que existe falta de planejamento e prioridade tanto por parte do Governo do Estado e dos municípios. Basta observar que não existem investimentos previstos para o setor do turismo no Plano Plurianual e nas peças orçamentárias do Estado e dos municípios. Outra coisa é que é necessário pensar o turismo de forma sistêmica e regionalizada, criando rotas e roteiros regionais”, comentou. No próximo dia 29 deste mês o Secex de Administração Municipal vai promover um Painel de Referência com diversas pessoas ligadas ao setor para discutir problemas e soluções para o setor.
Fonte: https://olivre.com.br/floresta-preservada-gera-negocios-e-empregos-no-norte-de-mato-grosso
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