Prejudicados com a suspensão das exportações para a China, frigoríficos fazem apelo para que mercados reduzam preços e deem vazão à produção
Editor-Chefe | Estadão Mato Grosso
Sem exportar carne bovina para a China há pouco mais de seis semanas, a indústria brasileira de frigoríficos já sente os reflexos no preço da arroba do boi, que despencou. Só quem ainda não viu o resultado foi o consumidor final, que continua a amargar preços acima de R$ 30 por quilo nas gôndolas dos supermercados. Nesta terça-feira (19), o Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo) ‘jogou a bomba’ no colo do setor varejista, cobrando o repasse da redução dos preços ao consumidor.
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“Como era de se esperar as grandes mudanças provocam ajustes nem sempre acompanhados ao mesmo tempo pelos elos da cadeia, porém existe neste momento uma distorção que chama atenção do mais leigo observador, e deixa o consumidor confuso, já que ele escuta nos noticiários sobre a grande baixa dos preços da arroba do boi, mas percebe que não há movimento no preço da carne”, diz nota enviada à imprensa, assinada pelo presidente do Sindifrigo, Paulo Bellincanta.
O Brasil suspendeu voluntariamente os embarques de carne bovina para a China, seu maior parceiro comercial, no início de setembro, após a confirmação de dois casos atípicos da doença da vaca louca, em Minas Gerais e Mato Grosso. Por se tratar de casos isolados e que não representaram riscos à saúde humana, esperava-se que as exportações fossem retomadas rapidamente, o que não ocorreu.
Desde que os embarques foram suspensos, as exportações despencaram. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia, apontam que só em outubro a redução já alcançou 43%. Com menos carne sendo exportada, os preços da arroba do boi para a indústria despencaram, assim como o ritmo de abates. A arroba do boi gordo à vista, que era comercializada acima de R$ 300 até o final de agosto, já está sendo cotada a R$ 255, uma redução de 16%.
Com menos vendas, os frigoríficos tiveram que reduzir o ritmo de produção. Isso fez com que o mês de setembro fosse marcado como o de menor utilização da capacidade instalada, com 39,32%. O número total de abate também caiu, de 449,4 mil cabeças em agosto para 327,6 mil em setembro. Novamente, o menor número de abates no ano.
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“Houve quedas de 15% a 20% na arroba do boi e na carne da indústria para o atacado, mas no balcão não teve nenhuma queda, ou seja, foi 0%, o que o varejo baixou em seus produtos. Distorção que mostra a ganância de um elo que não quer fazer parte de uma corrente da cadeia”, diz.
Diante dos números, o Sindifrigo fez um apelo aos varejistas para que reduzam os preços ao consumidor final, na tentativa de reconquistar o mercado interno. Isso porque a escalada nos preços da carne meses, devido à elevada demanda da exportação, forçou os consumidores a mudarem seus hábitos de consumo.
Segundo dados do Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o consumo de carne bovina deve recuar 14% este ano na comparação com 2019. O levantamento aponta que o consumo diminuiu para 26 kg por habitante, o menor nível em 26 anos de série história da Conab. Em 1996, cada brasileiro comia uma média de 38 kg de carne vermelha por ano.
“Nesta confusão inadvertidamente, se começa a achar culpados, queimando amigos e parceiros de luta, por isso, está na hora de o balcão mostrar sua parceria, baixando os preços do produto e proporcionando maior vazão a nossa produção”, conclui a entidade.
FONTE: https://www.estadaomatogrosso.com.br/economia/preco-da-carne-despenca-na-industria-mas-nao-chega-ao-consumidor-final/41458
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