17 de outubro de 2021

Sincretismo nos Estudos Afro-Brasileiros e nas Religiões de Matriz Africana

Fotos/Créditos: GOOGLE-imagens: Luciana Simplesmente

Autor: Luciana Magalhães de França

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

 Resumo

  Levando em conta os diagnósticos do movimento pós-moderno na antropologia, este artigo se dedica a pensar estratégias para a realização de trabalho de campo e a subsequente redação de etnografias na contemporaneidade. Este Artigo, aborda questões relacionando a Antropologia, de algum determinado grupo social, deste modo, a etnografia atua enfatizando este tema abordado. Sobre a Cultura Africana, Sobre as Religiões de Matriz Africana e sofreram impactos ao longo dos tempos.

O TEMA QUE ME FOI DADO a desenvolver neste Artigo de Pesquisa Etnográfica, embora bastante oportuno dada à atualidade dos problemas que gera, devido ao caráter polissêmico do termo Etnografia em Religiões de Matriz Africana. Posteriormente, procurarei distinguir modelo explicativo - que estou entendendo aqui como equivalente a paradigma - de teoria. Tomando como referência o artigo de Goldman (2015), abordar-se-á o tema sobre os principais problemas implicados no termo “sincretismo” presente nos estudos afro-brasileiros e nas religiões de matriz africana. 

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Para tanto, procura enfrentar as críticas a respeito da autoria e da autoridade etnográficas ao mesmo tempo de modo a encará-las em sua justeza e a não ser paralisado por elas criando uma conexão entre estas áreas por meio da temática religiosa. Busca-se assim reconceber o que se imaginariam ser os contornos de uma hierarquização de outro modo incontornável, por meio da consideração de um tipo de todo que não unifica as partes em questão, a saber, as partes envolvidas numa pesquisa antropológica, em geral pessoas.

Palavras-chave

Trabalho de Pesquisa Etnográfica. Religiões de Matriz Africana. Intolerância Religiosa. Sincretismo. Religiões Afro-Brasileiras. Etnografia. Espaço Público. Cultura Africana.


Abstract:

Summary

 

              Taking into account the diagnoses of the postmodern movement in anthropology, this article is dedicated to thinking about strategies for carrying out fieldwork and the subsequent writing of contemporary ethnographies. This article addresses issues relating to Anthropology, of a certain social group, in this way, ethnography acts emphasizing this approached theme. On African Culture, On African Matrix Religions and suffered impacts over time.

              THE TOPIC I WAS GIVEN TO develop in this Ethnographic Research Article, although quite opportune given the current problems it generates, due to the polysemic nature of the term Ethnography in African-Main Religions. Later, I will try to distinguish an explanatory model - which I understand here as equivalent to a paradigm - from theory. Taking the article by Goldman (2015) as a reference, the theme will be addressed about the main problems involved in the term “syncretism” present in Afro-Brazilian studies and in African-based religions.

 

* * *

              Therefore, it seeks to face the criticisms regarding ethnographic authorship and authority at the same time in order to face them in their correctness and not to be paralyzed by them, creating a connection between these areas through the religious theme. The aim is thus to reconceive what one would imagine to be the contours of an otherwise unavoidable hierarchy, through the consideration of a type of whole that does not unify the parts in question, namely, the parts involved in an anthropological research, in general people .

 

Key words

 Ethnographic Research Work. Ethnography. African Matrix Religions. Religious intolerance. Syncretism. Afro-Brazilian Religions. Public place. African Culture.

  Introdução

  Este Artigo, aborda questões relacionando a Antropologia, de algum determinado grupo social, deste modo, a etnografia atua enfatizando este tema abordado. Sobre a Cultura Africana, Sobre as Religiões de Matriz Africana e sofreram impactos ao longo dos tempos.

           Esta pesquisa de observação etnográfica tem como um dos objetivos o propósito de traçar um quadro geral das religiões afro brasileiras. Neste trabalho, estarei realizando um pequeno texto dentro de meu conhecimento empírico, tomando como referência os artigos de Marcio Goldman (2005) e, será descrito/narrado o que o autor propõe conceitualmente para compreender um pressuposto sobre:

  • Os principais problemas implicados no termo “sincretismo” presente nos estudos afro-brasileiros e nas religiões de matriz africana;
  •  Quais as contribuições do estudo de José Carlos Gomes dos Anjos para o estudo das cosmologias de matriz africana?

Observação

                       O início do texto faz uma breve narrativa de como o autor começou a sua trajetória e início de carreira e citou uma Conferência na qual Participou e Proferiu durante um Evento do Deptº de Antropologia do Museu Nacional do Rio de Janeiro- RJ. O autor inicia com o Tema: “Quinhentos Anos de Contato”: Por uma Teoria Etnográfica da (Contra) Mestiçagem.  

                       Na Conferência, o autor se refere à temática utilizando o termo “AFROINDÍGENA” em opção por explorar o termo provisório de “Relação AFROINDÍGENA”. GOLDMAN faz uso desse termo para designar os agenciamentos entre afrodescendentes e indígenas no Continente Americano. A conferência abordou um dos temas citado por Goldman, apresentando o que o autor chama de “um caráter incerto e aberto”, onde oferece aos participantes a possibilidade de acompanhar o momento de amadurecimento dessa reflexão. Em um determinado trecho do texto o autor cita como densidade etnográfica e teórica combinam –se. Pode –se dizer que este trabalho/artigo foi publicado na Seção Documenta de Mana na Conferência citada.

 "Tratou-se, assim, de uma recomposição, em novas bases, de territórios existenciais aparentemente perdidos, do desenvolvimento de subjetividades ligadas a uma resistência às forças dominantes que nunca deixaram de tentar sua eliminação e/ou captura. Pedindo perdão pela obviedade, a expressão “religiões de matriz africana” designa, pois, de forma algo grosseira, um conjunto heteróclito, mas articulado, de práticas e concepções religiosas cujas linhas de força principais foram trazidas pelos escravos africanos para as Américas. Provavelmente formadas ao longo do século XIX, essas religiões, como as conhecemos hoje, incorporaram, assim, ao longo de sua história, em maior ou menor grau, elementos das cosmologias e das práticas indígenas, do catolicismo popular e do espiritismo de origem europeia".

GOLDMAN (2015)                                                               (Grifo nosso)

                       Outro aspecto a ser considerado é que em Antropologia, ainda segundo o texto de GOLDMAN, no artigo, cita –se, Os Tambores dos Mortos e os Tambores dos Vivos, “é refletir sobre a possibilidade de manter o ponto de vista antropológico tradicional, quando o objeto observado faz parte do coração da sociedade do observador. Essa reflexão é efetuada por meio de um confronto entre algumas discussões mais ou menos clássicas sobre a observação antropológica e minha experiência de campo”, podemos estabelecer um paralelo onde a observação participante, abordou temas como a entrevista aberta, o contato direto, pessoal, com o universo investigado constituem a sua marca registrada no termo “sincretismo” presente nos estudos afro-brasileiros e nas religiões de matriz africana.  

Análise

                       Dando prosseguimento ao trabalho, aborda –se um dos temas citado por GOLDMAN (Revista da USP 2003, p.446), apresentando o que pode se chamar popularmente de “observação e empatia” e se chamar de “democracia representativa” onde oferece aos participantes a possibilidade de acompanhar o momento de amadurecimento dessa reflexão.

                       Deixando de lado qualquer preocupação normativa, trata-se, através desse confronto, de tentar equacionar uma série de questões cruciais para a antropologia contemporânea: será efetivamente possível assumir um olhar distanciado em relação a algo tão central para o observador quanto a democracia representativa? De que forma e seguindo que procedimentos? Existe alguma diferença entre estudar um grupo de “crentes” (no candomblé, por exemplo) sendo “cético” e um grupo de “céticos” (na política, por exemplo) sendo “crente”? As supostas diferenças de escala entre objetos, grupos ou sociedades devem inevitavelmente afetar os procedimentos de pesquisa?

  •  Quais as contribuições do estudo de José Carlos Gomes dos Anjos para o estudo das cosmologias de matriz africana?

                       O enfoque deste trabalho privilegia dois ângulos de análise: em primeiro lugar, a narração de situações concretas de disputa, visando as disposições subjacentes às atitudes dos atores em confrontos, (J. C. G.ANJOS, p. 14,15).

                       Em segundo lugar, grande parte da etnografia busca os aspectos cerimoniosos até ritualísticos, tanto de situações que poderiam ser tomadas como especificamente políticas quanto daquelas exclusivamente religiosas ou diluídas na cotidianidade, (J. C. G.ANJOS, p. 14,15).

                       Existe uma relação, segundo o autor (ANJOS. p, 15) entre a pressuposição de uma “especificidade irredutível do econômico e do político”, ou do cerimonioso e do cotidiano, e o rigor formalista na definição “da especificidade do ritual”.

                       Em lugar de uma análise muito formalizadas dos rituais, privilegio, nas situações cerimoniosas, os acontecimentos insólitos que abrem “em torno de um momento singular, litúrgico, a incerteza da história e não a persistência de um texto”. Em lugar da reiteração reificante das fórmulas repetitivas dos rituais, privilegiarei o acontecimento em sua potencialidade de fazer intervir o novo no jogo de forças que carrega a situação cerimoniosa. Atores sociais em interação concreta e situações cerimoniosas em sua abertura para o acontecimento serão os ângulos a partir dos quais analisarei o cruzamento de representações políticas e representações religiosas, (J. C. G.ANJOS, p. 15, 16).

                       Este Artigo, aborda questões relacionando a Antropologia, de algum determinado grupo social, deste modo, a etnografia atua enfatizando este tema abordado. Sobre a Cultura Africana, Sobre as Religiões de Matriz Africana e sofreram impactos ao longo dos tempos. Em vez de apostar em processos sintéticos de totalização, trata-se aqui de levar em consideração certos todos singulares que podem ser dispostos também como partes interessadas do processo de pesquisa, dispondo-se ao lado e não acima das demais. Assim, adota-se como objeto de estudo as diversas manifestações de intolerância em relação às religiões afro-brasileiras dentro do campo religioso como em relação ao espaço público e os aspectos cerimoniosos até ritualísticos. O trabalho etnográfico surge assim não como algo eminentemente unilateral, mas como envolvendo uma série de prestações específicas. Os dados da pesquisa figuram justamente algo que é dado a alguém, por alguém: pragmaticamente, em circunstâncias que não se pode abstrair a priori. O motivo de o meu estudo ter como foco a intolerância religiosa foi trazer para a pesquisa acadêmica a importância da interface entre o estudo antropológico e o campo etnográfico, o estudo das cosmologias de matriz africana, a partir da elucidação dos conflitos do campo afro-religioso entre a pressuposição de uma “especificidade irredutível do econômico e do político”, ou do cerimonioso e do cotidiano, e o rigor formalista na definição “da especificidade do ritual.

 

Bibliografia

 GOLDMAN, Marcio. “Quinhentos anos de contato: por uma teoria etnográfica da (contra)mestiçagem. Mana [online] 21(3): 641-659, 2015.  

ANJOS, José Carlos Gomes dos. No Território da linha cruzada: a cosmopolítica afro-brasileira. Porto Alegre: Editora da UFRGS/ Fundação Cultural Palmares, 2006.

GOLDMAN, M. Os tambores dos mortos e os tambores dos vivos. Etnografia, antropologia e política em Ilhéus, Bahia. Revista de Antropologia[S. l.], v. 46, n. 2, p. 423-444, 2003. DOI: 10.1590/S0034-77012003000200012. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/27171 . Acesso em: 21 jun. 2021.

GOLDMAN, M. Os Tambores do Antropólogo: Antropologia Pós-Social e Etnografia. Ponto Urbe – Revista do Núcleo de Antropologia Urbana da USP, Ano 2, v. 3.0, julho de 2008. Disponível em: https://www.n-a-u.org/pontourbe03/Goldman.html#1  

OPIPARI, Carmen.“I. Campo e terreno de pesquisa”; “II. Percursos e contornos do Candomblé” in: Opipari, Carmen. O Candomblé. Imagens em movimento. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2009. p. 272. 

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