14 de abril de 2022

Patrimônio Cultural do Estado de Mato Grosso

Para avaliar o patrimônio cultural do Mato Grosso é necessário conhecer um pouco da história do Estado, a qual pode ser dividida em 4 fases. A primeira fase durou desde a pré-história até o século XVIII, quando a população era predominantemente indígena. O patrimônio cultural correspondente a essa fase inclui sítios arqueológicos e aterros distribuídos pelo estado e uma variedade de culturas indígenas que existem até hoje  influenciando a culinária, o artesanato e o folclore da região.

A segunda fase - de colonização - vai até o final do século XIX. Pelo tratado de Tordesilhas, o Mato Grosso pertenceria à Espanha. Com a descoberta do ouro, tem início um conflito entre Portugal e Espanha pela posse das terras, mas Portugal teve o direito de reivindicar o território desde que o ocupasse efetivamente. O patrimônio cultural desta época inclui comunidades quilombolas, como a Vila Bela da Santíssima Trindade, às margens do rio Guaporé, e ao sul, sobre o Rio Paraguai, abaixo do Miranda, construções como o Presídio de Nova Coimbra.

 A terceira fase teve início no final do século XIX quando disputas entre as regiões norte e sul do Estado levam à intervenção federal, em 1917. Na primeira metade do século XX, o Estado volta a crescer com a chegada dos seringueiros, para a produção de borracha,  criadores de gado e exploradores de erva-mate. O apoio à exportação e à ocupação e desenvolvimento da Amazônia e do Centro-Oeste, levam a novo surto de progresso no Mato Grosso atraindo mão-de-obra agrícola. Nesta fase ocorreu também o desmembramento do Estado em duas partes, o Mato Grosso, menos populoso, mais pobre, sustentado ainda pela agropecuária extensiva e com problemas fundiários, e o Mato Grosso do Sul, mais desenvolvido e mais populoso. Esta fase deixou como patrimônio arquitetônico urbano armazéns e outras propriedades dos comerciantes e seringalistas da época, assim como edifícios públicos construídos neste período e a rede telegráfica ampliada por Rondon. E como patrimônio cultural, os hábitos deixados pelos seringalistas, pecuaristas e exploradores de erva-mate da época.

Hoje o Mato Grosso vive culturalmente uma nova fase, caracterizada pela busca do desenvolvimento sustentável. Existe um empenho em preservar a história e a cultura mato-grossense através de museus, da cobertura de ruínas como as da Igreja Nossa Senhora da Santíssima Trindade (em Vila Bela), da restauração de imagens sacras e da preservação da cultura nas terras indígenas.

 Até hoje ainda há diversas aldeias indígenas espalhadas pelo Mato Grosso. Na região do Alto Xingú, por exemplo, vivem diversas tribos que preservam a tradição do Quarup - festa anual realizada em homenagem aos chefes mortos e aos novos líderes.

Durante o período da escravidão, o Estado do Mato Grosso foi reduto de negros foragidos que formaram grandes quilombos onde podiam expressar seus rituais africanos, preservando sua cultura. Complementando a miscigenação cultural, a religiosidade dos colonizadores europeus deixou como legado as diversas manifestações religiosas que hoje fazem parte do calendário festivo do Estado.

 De acordo com estudos de mercado, o ecoturista procura sobretudo o contato com atrativos naturais bem preservados.  No entanto, atrativos históricos e culturais são importantes complementos aos atrativos naturais no desenvolvimento de um destino ecoturístico.  Nesse aspecto, o Pólo de Ecoturismo do Vale do Guaporé está bem servido, com uma gama de atrativos que vai desde monumentos históricos até culturas tradicionais dos povos indígenas e quilombolas.


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