Rita Comini
Reprodução/Studio Márcio Ishizuka
Pintado, pacu, baru, pequi, furrundu. Manga, carne seca, pixé, urucum. Banana, farinha de mandioca entre inúmeros ingredientes que representam a cultura pantaneira. Todos eles e tantos outros estão presentes nos pratos criados especialmente para o Festival Gastronômico de Barão de Melgaço, cujo lançamento será nesta sexta e sábado, dias 12 e 13/08, na praça central José Corrêa Ribeiro. O festival, que integra o Circuito Gastronômico do Pantanal, segue nos 17 empreendimentos participantes até o dia 26 de agosto. Haverá edições também em Santo Antônio do Leverger e Cáceres.
Trata-se de uma ação do programa Pró-Pantanal, iniciativa formatada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul com vistas à retomada da economia por meio de ações de apoio às micro e pequenas empresas no território, iniciadas em 2021 e que se estendem até 2023.
A preparação dos empreendimentos para o Circuito inclui oficinas de boas práticas na cozinha, além de uma capacitação com o chef Marcelo Cotrim para a criação de pratos especiais para o evento utilizando e valorizando os ingredientes regionais.
Apaixonado pela gastronomia de Mato Grosso, ele é um dos grandes divulgadores da cozinha pantaneira, diz que tentou usar toda a gama de produtos da região, aliados a um pouco de ousadia e da disponibilidade das pessoas em aprender. Segundo ele, o nosso trabalho dele é divulgar a cultura regional e, principalmente, o poder que a cozinha tem de transformar as pessoas.
A consequência maior de um trabalho como esse é ver que é possível, que é interessante investir na qualificação e mostrar o tamanho do poder que a gente tem nas mãos, poder de transformação, avalia, acrescentando que com essa transformação vai sendo criada uma demanda para que toda a cadeia de produção se desenvolva e se mantenha. Com isso a gente vai estimulando os produtores, fazendo com que a nossa cultura não caia em desuso, que as novas gerações tenham acesso ao que foi e que continuará sendo tradicional, valorize a sua cultura e sinta orgulho do que nós temos aqui no nosso bioma, constata.
O chef se diz muito feliz e orgulhoso de estar fazendo esse trabalho. Não meço esforços para divulgar a nossa cozinha, especial agora a pantaneira. Para mim é de grande valia essa iniciativa do Sebrae e eu estou muito feliz, honrado por poder fazer parte e contribuir com um pouco do meu know-how e conhecimento para despertar a veia da criatividade desses empreendimentos, poder mostrar quão rico são os nossos ingredientes, nossos biomas e o quanto importante a gente saber valorizar e dar a devida importância para eles.
Foram atendidos desde grandes estabelecimentos, pousadas na baia de Siá Mariana até pequenos estabelecimentos, barraquinhas e trailers na praça. Para Cotrim, essa é a magia desse trabalho, mostrar que os ingredientes podem utilizados de todas as formas, de todas as maneiras e serem enaltecidos.
E destaca a importância de uma pessoa que está lá no meio do Pantanal, afastada, entender que o furrundu não é apenas uma sobremesa a ser servida após uma refeição, mas que pode ser empregado em outras preparações.
E isso que foi feito ao usar o tradicional doce de mamão ralado com rapadura como molho para um lagarto recheado no buffet de uma das pousadas. O prato ganhou ainda uma camada de sabor e crocância com a adição da castanha de baru picada. Ficou uma combinação incrível. É uma propriedade que recebe muitos estrangeiros e tenho certeza que o prato vai fazer muito sucesso.
Além de estar literalmente posicionada de frente para o rio Cuiabá, a cidade de Barão de Melgaço tem uma área banhada pelas águas do Pantanal incluindo as baías Siá Mariana, Chachoré. Tantas águas fazem do município um lugar rico em pescados. Como não poderia deixar de ser, são estrelas de várias preparações do Festival Gastronômico.
Rei do Pantanal, o pintado surge de uma forma diferente, aplicando uma técnica de salga, transformando ele num belíssimo bacalhau de pintado confitado, acompanhando de uma musseline de banana com pequi.
O peixe de filé alto, carne branca, suculenta e macia, surge simplesmente grelhado, acompanhado de um risoto de peixe seco com pequi e banana da terra frita.
O mesmo peixe seco vira ingrediente de um saboroso bolinho de arroz servido com maionese de urucum, produto muito presente em uma dos empreendimentos.
Ainda na seara dos pescados, abundantes na baia de Siá Mariana uma espécie grelhada é complementada com bechamel de pequi.
Pacu, outro peixe que faz muito sucesso na região pantaneira é servido assado na brasa, recheado com uma farofa de couve.
As farofas são preparadas em várias versões, todas contemplando as farinhas flocadas de Poxoréo e de Rondonópolis. Tem opções saborizadas com coentro, com limão e outra bastante inusitada que leva cachorrada (doce de leite tradicional cuiabano).
A carne é outro ingrediente farto no Pantanal. Fizemos um feijão tropeiro pantaneiro numa das pousadas em que os proprietários são mineiros e gostam muito dessa lembrança, têm uma carga afetiva com essa preparação. Nós adaptamos e fizemos com as coisas nossas, utilizando uma linguiça caipira, banana da terra, carne seca, e ficou muito legal, conta Cotrim.
Num outro empreendimento, mais um prato que remete a outra região brasileira, escondidinho de carne seca com banana.
Empreendimentos participantes:
Pousada Rio Mutum
Pousada Ferrinho
Pousada Foad Zé Floresta
Pousada Pantanal Norte Sr. Tarsso
Alaska Sorvetes
Restaurante Beira Rio- Nadia
Dom Raphael Pizzaria Pub
Pizzaria Baronni Eireli
Andressa espetos
Pousada Barão de Melgaco
Pousada Aconchego dos Amigos- Del
Pousada Nossa Senhora dos Navegantes- Jessika
Pousada Rio Novo- Gerson
Pantanal Boutique Hotel Siá Mariana- Leonardo
Kidelicia Churros e pipoca- Marcos
Açaiteria Tropical- Elaine
Pastel da Wal
FONTE: https://www.gazetadigital.com.br/variedades/gastronomia/baro-de-melgao-sedia-festival-gastronmico/702685
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