Turismo
4.1. O Conceito de turismo
Turista é todo o visitante temporário que permanece no local visitado mais de 24h.
Etimologicamente, o termo turismo provém da palavra francesa tourisme, embora alguns autores afirmem que a adopção deste termo por parte da língua portuguesa deu-se por via do inglês, e não directamente do francês. Este termo foi pela primeira vez utilizado na Inglaterra, em 1760, e as actividades hoje classificadas como turísticas tiveram início no mesmo pais, no século XVIII.
«A matriz do radical tour é o latim, originado do substantivo tornus, do verbo tomare, cujo significado é: "giro. Volta, viagem ou movimento de sair e retornar ao local de partida."
De épocas muito anteriores ao termo latino surgiu a palavra tour, do hebraico antigo, em seu sentido puro e literal, como expressão designativa de "viagem de exploração, de descoberta e de reconhecimento".» (Rose. 2002:3).
Excursionista é todo o visitante temporário que permanece fora da sua residência habitual menos de 24h. Enquanto que visitante é toda a pessoa que se desloca temporariamente para fora da sua residência habitual, quer seja no seu próprio pais ou no estrangeiro, por uma razão que não seja a de ai exercer uma actividade remunerada.
De acordo com os vários autores que se debruçaram sobre o assunto, definir turismo é algo bastante controverso. A título elucidativo, diríamos que o turismo está relacionado com as viagens. Todavia, deve-se acautelar que nem todas as viagens são consideradas como turismo.
Contudo, não deixaríamos de algum modo de apresentar alguns dos conceitos afins ao turismo comummente utilizados, nomeadamente: turista, excursionista e visitante.
Para Oliveira (2002:36), «denomina-se turismo, o conjunto de resultados de carácter económico, financeiro, politico, social e cultural produzido numa localidade, decorrentes do relacionamento entre os visitantes com os locais visitados durante a presença temporária das pessoas que se deslocam do seu local habitual de residência para outros, de forma espontânea e sem fins lucrativos».
Por seu turno, Rose (2002:2) citando a Organização Mundial do Turismo (OMT) define turismo como: «Um conjunto de actividades realizadas pelas pessoas durante as suas viagens e paragens em diferentes lugares, que nä0 0 seu habitat, por um tempo consecutivo inferior a um ano, com finalidade de lazer, negócios ou outros motivos, sem fins lucrativos.»
Mais ainda, segundo Baptista (1997) citando a Associação Internacional dos Peritos Científicos do Turismo (AIPCT), afirma que: «o turismo é o conjunto de relações e fenómenos produzidos pelo deslocamento e permanência de pessoas fora do seu local habitual de residência, desde que esses deslocamentos e permanência não sejam motivados por urna actividade lucrativa principal, permanente ou temporária.»
Pelos conceitos acima apresentados, deduz-se que por turismo entende-se como sendo a deslocação e permanência das pessoas fora do seu local habitual de residência, motivadas por lazer, recreio ou outras actividades, mas que não incluam as de carácter meramente lucrativo num período superior a 24 horas e inferior a 12 meses.
O turismo é urna actividade económica pertencente ao sector terciário e que consiste num conjunto de serviços que se vende ao turista. Por conseguinte, o turismo é uma «indústria» que integra várias empresas interdependentes, produzindo assim o efeito cascata. Esta actividade pressupõe a oferta de produtos turísticos ao dispor do consumidor.
4.1.1. Evolução histórica do turismo
O turismo na Antiguidade
A actividade turística data de tempos remotos. Iniciou-se quando o Homem se tornou capaz de se locomover a grandes distâncias, em busca de satisfação para o corpo e para o espírito, bem como pela necessidade do comércio. Contudo, o turismo deve ter surgido com os babilónios, por volta de 4000 a. C.
Mcintosh, citado por Ignarra (2003:2), refere que: «A invenção do dinheiro pelos sumérios (babilónios) e o auge do comércio iniciaram-se aproximadamente no ano 4000 a. C., talvez assinalando o começo da era moderna das viagens.
Os sumérios foram os primeiros a conceber a ideia do dinheiro e aplicá-la em transações comerciais (também inventaram a escritura e a roda, pelo que podem ser considerados como os fundadores das viagens). O Homem poderia pagar pelo transporte e alojamento fora com dinheiro ou por meio de troca de bens.»
Em 3000 anos a. C. o Egipto já era uma meca para os viajantes que fluíam para contemplar as pirâmides e os restantes monumentos. Esses visitantes viajavam pelo rio Nilo em embarcações com cabines bem confortáveis ou em carruagens por terra.
Talvez tenham sido os fenícios que mais desenvolveram o conceito moderno de viagens, uma vez que a Fenícia se revelava uma região inóspita para a prática da agricultura e houve necessidade destes povos contactarem com outros povos, desenvolvendo o comércio internacional. Isto ocorreu há mais de mil anos antes de Cristo, época em que são registadas grandes viagens na China e na índia.
A motivação para as grandes viagens exploratórias dos povos antigos foi também económica pois estes buscavam conhecer novas terras para a sua ocupação e posterior exploração. Dos grandes viajantes da época, salientam-se Heródoto, um infatigável viajante da Grécia Antiga, historiador e geógrafo que percorreu a Fenícia, Egipto, Grécia e Mar Morto. Destacam-se ainda Alexandre, o Grande, ao serviço do Império Romano e Chang Chien que realizou uma grande viagem no ano 138 a. C., desde a China até Pérsia e Síria.
O turismo na Idade Média
Com o fim do Império Romano, as viagens sofreram um grande decréscimo. Com o feudalismo, que se caracterizava por uma sociedade fechada e auto-suficiente, as viagens tornaram-se numa grande aventura pelo perigo que representavam em termos de assaltos. A excepção desta época, foram as cruzadas, grandes expedições realizadas com o propósito de visitar os mais importantes e significativos centros religiosos na Europa e Ásia: o Vaticano, Meca, Jerusalém, Palestina, entre outros.
Assim, as viagens passaram a desenvolver-se após o ano 1000, dado que começam a aparecer as grandes estradas por onde circulavam os comerciantes que transportavam mercadorias ajudados por animais de carga, carruagens puxadas a cavalo, peregrinos, mendigos, trovadores, monges errantes e estudantes. Durante as viagens, os indivíduos de nível social mais elevado hospedavam-se nos castelos ou em casas particulares e os restantes indivíduos utilizavam barracas ou hospedarias.
Constatou-se ainda que na Idade Média as famílias fidalgas e nobres enviavam os seus filhos para estudar nos grandes centros culturais da Europa. Nasciam assim as viagens de intercâmbio cultural.
O turismo na Idade Moderna e Contemporânea
Com o declínio da Idade Medieval e o advento do capitalismo, as viagens foram-se multiplicando. Criaram-se extensas rotas comerciais na Europa, pioneiras das auto-estradas actualmente existentes.
posteriormente, o progresso tecnocientífico, o aperfeiçoamento dos meios de transporte e comunicação, a redução da carga horária de trabalho, o repouso semanal e férias anuais remuneradas, a busca de repouso e recuperação física e mental, o incentivo governamental procurando a geração de maiores fluxos turísticos, entre outros factores resultantes da Revolução Industrial, estimularam de grosso modo o fluxo turístico internacional.
Na Idade Contemporânea é que ocorreram os grandes avanços tecnológicos, além do fenómeno da globalização, que impulsionaram e colocaram definitivamente o turismo num lugar de destaque dentro da economia global. É nesta perspectiva que se assiste a uma demanda turística que levou a um incremento no fluxo de turistas em redor do mundo. O fenómeno da globalização, principalmente o progresso nos meios de transporte e comunicação, alcançado graças Revolução Industrial, colocou a classe média numa situação favorável, passando a dispor de recursos económicos e tempo livre para viajar.
Bibliografia
MANSO, Francisco Jorge; VICTOR, Ringo. Geografia 12ª Classe – Pré-universitário. 1ª Edição. Longman Moçambique, Maputo, 2010.
FONTE: https://www.escolamz.com/2020/07/turismo-conceito-e-evolucao-historica.html#gsc.tab=0
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