O Turismo Rural está baseado nos conceitos do Novo Rural - “Rurbano” e permite análises da pluriatividade e os efeitos da redução do abismo tradicional entre meios urbanos e rurais”
A área rural brasileira não se restringe mais somente as atividades relacionadas à agropecuária e agroindústria. Nas últimas décadas, o meio rural vem ganhando novas funções – agrícolas e não-agrícolas – e oferecendo novas oportunidades de trabalho e renda para famílias. Agora, a agropecuária moderna e a agricultura de subsistência dividem espaço com um conjunto de atividades ligadas ao lazer, prestação de serviços e até à indústria, reduzindo, cada vez mais, os limites entre o rural e o urbano no País.
O mundo rural é maior do que o agrícola”. O novo rural incorporou atividades até então consideradas como hobbies ou pequenos empreendimentos, transformando-as em negócios rentáveis: multiplicam-se os “pesque-pague”, os sítios de lazer, as casas de campo, fruticultura, floricultura, além de uma série de serviços, como restaurantes, clubes, hotéis-fazenda, etc.
Essas atividades têm se revelado, muitas vezes, mais lucrativas do que a produção agrícola tradicional. Os mais de mil pesque-pague espalhados por chácaras e sítios em todo o Brasil, por exemplo, utilizados como lazer pela classe média urbana, já são responsáveis por 90% do destino dos peixes de água doce criados em cativeiro. “Muitas dessas propriedades trocaram a agricultura pela pescaria de lazer, que pode gerar alta receita para os proprietários”.
Um Agricultor Familiar pode ter a sua produção de hortifrutigranjeiros realizando produção primária e agregado valores na sua produção na agroindústria comercializando dentro e até fora da sua propriedade, Um exemplo pode ser o da produção do leite bem- conduzida que poderá ter um upgrade com a agregação de valores na produção de queijos e laticínios, a criação de aves pode ser potencializada no abate e processamento das carnes e até na de produção e ovos, pode se pensar em criação de aves exóticas, como faisões, perdizes e codornas, a serem vendidas a supermercados, restaurantes e à agroindústria. Junto com a produção agrícola e à criação, poderá ser implantando um projeto de turismo rural, de vivência e ecológico, que incluindo a educação ambiental, com o qual pode-se ser uma alternativa para se aumentar ainda mais a rentabilidade da propriedade.
Sendo assim muitos agricultores familiar igualmente podem ter sucesso com investimentos na plantação, na criação, na agroindústria aliados ao turismo rural.
A lei da demanda e oferta pode fazer com que haja um crescimento, no cultivo de verduras e legumes em estufas ou pelo método hidropônico, atividades altamente intensivas em mão-de-obra. Também é significativa a expansão do mercado consumidor de flores e plantas ornamentais e frutíferas em áreas urbanas.
Portanto considera-se o turismo rural, atividade com grande apelo e potencialidade nas áreas de represas formadas para a geração de energia elétrica e ao longo das margens dos cursos de águas (rios córregos e nascentes), o que pode ser considerado como um importante vetor de desenvolvimento de novas atividades não-agrícolas, sobretudo das áreas rurais ribeirinhas.
Nesse conjunto de atividades não-agrícolas que se proliferam na área rural, os eventos de exposições agropecuárias ou as festas de rodeio, ou festas de peão de boiadeiro, se apresentam como dinâmicas, lucrativas e expressivas do novo rural brasileiro, anualmente, mais de 1.200 festas de rodeio são realizadas em todo o país, essas festas atraem um público de mais de 30 milhões de pessoas, três vezes mais do que o Campeonato Brasileiro de Futebol. E movimentaram algo em torno de R$ 2,5 bilhões de reais . Durante a Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos, por exemplo, considerada o maior rodeio do mundo, a população do município salta de 110 mil habitantes para 1,2 milhão, isto pode ser parâmetros para mensuração deste tipo de evento para todo o país.
O rural tem sido analisado de forma equivocada apenas quanto as atividades agrícola, em função da mecanização da agricultura, e utilizamos o mesmo modelo do pensamento americano”. Um pesquisador norte-americano, David Goodman, da Universidade da Califórnia, visitou r o Brasil, a convite da Fapesp, e demonstrou que essa perspectiva de análise, transposta à realidade brasileira, estava equivocada.
De acordo com a análise de Goodman, nos Estados Unidos a modernização da sociedade levou à constituição de três áreas distintas e complementares: o urbano, o rural e o selvagem. “O urbano é entendido como sinônimo de metropolitano, o rural diz respeito às áreas não-metropolitanas e o selvagem engloba os Parques de Conservação Nacional”.
A organização do espaço na Europa, tem o processo bem distinto. vai da metrópole ao urbano, neste caso, definido como não-metrópole, passando pelo rural já intensamente urbanizado. Na Europa, o rural convive com o não-agrícola, no entanto no Brasil, o rural tem siso reduzido ao agrícola.
No Brasil, o rural travestido de agrícola acaba por se tornar terra com pouca identidade global e abrangente.
Um exemplo dramático está para a relação dos preço pagos pelas famílias rurais pela falta de políticas adequadas ao campo, quem legisla sobre o rural são os: Ministério da Agricultura e Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Ministério do Meio Ambiente e a legislação é estritamente agrícola, para favorecer a produção, existe a necessidade de se reformular a legislação federal, estadual e municipal, adequando-as à realidade do novo rural Brasileiro.”
Quanto as linha de crédito para atividades rurais não-agrícolas. “Os empréstimos ainda são poucos e o dinheiro é caro.
O aumento das oportunidades de trabalho em atividades não-agrícolas tem minimizado os impactos do êxodo rural e proporcionado a contramão do êxodo rural, visto que estancou a queda no tamanho da população rural no País. “É claro que ainda há o êxodo rural na direção dos centro urbanos, mas muito menos intenso do que o registrado nas décadas anteriores.
Essa mudança tem sido devido à estrutura de ocupação do campo, à mecanização da agricultura, que exige cada vez menos mão-de-obra, à importação de alimentos e aos cortes no crédito agrícola. O desemprego e custo de vida, por outro lado, tornaram as cidades menos atraentes. O resultado foi que a população rural buscou alternativas de trabalho no meio rural, voltando-se para atividades não-agrícolas.
O processo Rurbano e análises da pluriatividade permitiu explorar melhor o efeito dessas ocupações não-agrícolas sobre o rendimento das famílias rurais e das famílias agrícolas com e sem acesso à terra, constatou que, entre os residentes do meio rural, as rendas não-agrícolas são substancialmente maiores que as agrícolas. Em alguns casos, essa diferença chegava a ser quatro a cinco vezes maior. As estimativas demonstraram que a pluriatividade era comum a 35% das famílias ligadas às atividades agropecuárias no Brasil.
O Processo Rurbano é, atualmente, uma das mais importantes referências para os estudiosos de economia rural no Brasil.
O Turismo rural pode se constituir num importante vetor de desenvolvimento regional, desde que o controle dos processos seja regional e as comunidades locais se apropriem dos benefícios gerados.
O turismo no meio rural, como ele conceitua, envolve atividades como os spas rurais, centros de convenções rurais, locais de treinamento de executivos, turismo ecológico ou ecoturismo, turismo de aventura, turismo cultural ou de negócios, turismo jovem, de negócio e esportivo. Essa modalidade de negócio constitui-se, ainda, numa forma de valorização do território, de proteção ao meio-ambiente e de conservação do patrimônio natural, histórico e cultural do meio rural.
Texto
Geraldo Donizeti Lucio
Formado em Monitoria Rural e Técnico Agropecuário
Graduado em Economista
Especialista em Turismo Rural
Especialista em Recursos Hídricos
Autor do Livro Turismo no Meio Rural de Mato Grosso
Extensionista da EMPAER – MT concursado em 1984
Esteve a disposição da SEDTUR por 21 anos
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